O Banco BR Partners acaba de precificar sua ação a R$ 16 num IPO que o torna o segundo banco de investimento ‘pure play’ listado na Bolsa brasileira, depois do BTG.
O banco está sendo avaliado em R$ 1,7 bilhão e levantou R$ 400 milhões numa oferta 100% primária, cujos recursos serão usados para expandir seu balanço em operações de mercados de capitais e produtos estruturados de tesouraria para clientes.
O BR Partners lucrou R$ 89 milhões e teve um ROE de 30% em 2020 e 40% no primeiro tri deste ano, quando, segundo o prospecto, todas as linhas de receita tiveram crescimento recorde.
Fundado em 2009 pelo banqueiro Ricardo Lacerda — que chefiou o banco de investimento do Goldman Sachs no Brasil e do Citigroup na América Latina — o BR Partners faz cerca de metade da sua receita com M&As e outros produtos de assessoria financeira.
Em 2011, o banco mal havia começado a operar quando participou da defesa do Grupo Casino na célebre disputa com Abilio Diniz pelo controle do Grupo Pão de Açúcar. Mais recentemente, assessorou a Vivo na compra da Oi Móvel, a Linx na venda para a Stone e a Cia. Hering na fusão com o Grupo Soma.
Nos últimos anos, a área de mercados de capitais ganhou relevância dentro da receita. O banco estrutura produtos de renda fixa — frequentemente com lastro em ativos imobiliários — e distribui para family offices e outros investidores institucionais, tipicamente ficando com uma parte do risco para seu próprio balanço. O BR Partners também disse no prospecto que está criando uma plataforma digital para atender clientes de altíssima renda.
Desde setembro passado, quando cancelou a oferta em meio a um mercado difícil, o BR Partners manteve contato com os investidores esperando por uma janela ideal.
Agora, o banco retomou a transação como uma Oferta 476, que limita a 75 o número de investidores institucionais brasileiros que podem ter acesso à oferta e a 50 o número de investidores alocados.
A alocação está em curso agora à noite, mas deve contar com aproximadamente 30 nomes, incluindo fundos long-only locais e investidores internacionais. Gestoras como Atmos, Gauss, Leblon Equities, Safra, Truxt e Versa estiveram entre as maiores ordens.
A transação sugere que, ao contrário das 476 recentes — que tiveram alocações altamente concentradas e acabaram negociando de lado e com pouca liquidez depois da estreia — a oferta do BR Partners “se parece mais com uma oferta 400, com demanda diversificada, mas sem a tranche do varejo,” segundo uma fonte envolvida na oferta.
As units começam a negociar segunda-feira sob o ticker BRBI11.
Os coordenadores foram BTG Pactual, Itaú BBA e XP.
Lefosse assessorou a BR Partners.
Machado Meyer assessorou os bancos.