A expectativa do mercado de que muitas empresas devem antecipar o pagamento de dividendos, depois da aprovação do PL que taxa rendas mensais superiores a R$ 50 mil em pelo menos 10%, começa a se tornar realidade.
Ao publicar seu balanço do terceiro trimestre agora à noite, a BR Partners anunciou o pagamento de dividendos de R$ 107 milhões, o equivalente a R$ 1,02 por unit. Deste total, R$ 0,66 por unit são dividendos extraordinários.
Com isso, o dividend yield da companhia chega a 13,9% – um dos mais altos da Bolsa e um retorno superior ao do CDI, considerando a tributação.
O banco terminou o trimestre com excesso de capital – o capital nível 1 chegou a 16,2% – e decidiu retornar parte desses recursos aos acionistas, Vinicius Carmona, o diretor de RI da BR Partners, disse ao Brazil Journal.

Analistas dizem que o PL 1087/25, que taxa a distribuição de dividendos e foi aprovado ontem no Senado, também pesou na decisão do CFO. “Todas as empresas deveriam distribuir o máximo de dividendos possível,” disse um executivo.
Ontem, a Axia (o novo nome da Eletrobras) anunciou a distribuição de R$ 4,3 bilhões em dividendos intermediários.
Os resultados da BR Partners no terceiro trimestre foram pressionados por um mercado de M&As mais fraco.
A receita caiu 15,5% em relação ao mesmo período de 2024 para R$ 133 milhões. No mesmo intervalo, o lucro diminuiu 15,8%, para R$ 42 milhões. O ROE passou de 23,7% para 20,9%.
“O M&A ainda é nosso carro-chefe, mas desde o IPO estamos em meio a um processo de diversificação de receitas que tem o objetivo de reduzir a ciclicidade do negócio e tem sido responsável por sustentar nosso ROE acima do custo de capital”, disse Carmona.
Desde 2020, as receitas dos negócios que o banco comandado por Ricardo Lacerda classifica como não-cíclicos – DCM, tesouraria e gestão de patrimônio – cresceram 346%, mais que o dobro das receitas totais, que aumentaram 145% no período.
A BR Partners também divulgou a nova composição de sua base acionária, mais diversificada como consequência da recente listagem na Nasdaq e do follow-on de 2023.
A fatia dos investidores estrangeiros aumentou de 1% em 2022 para 18% agora; as pessoas físicas passaram de 49% para 61%, e o share de institucionais locais caiu de 50% para 21%.
Além disso, a liquidez diária do papel subiu de cerca de R$ 1 milhão três anos atrás para uma média de R$ 6 milhões/dia atualmente.
A BR Partners vale aproximadamente R$ 2 bilhões na Bolsa, e a ação negocia a 10x o lucro estimado para 2026.











