A BR Media — uma empresa que ajuda marcas como McDonald’s e iFood a fazerem campanhas de marketing com influenciadores digitais — acaba de levantar R$ 105 milhões numa rodada que vai bancar uma estratégia de M&As, bem como o crescimento de novos negócios ligados à creator economy.
Na rodada, a Bridge One, a gestora de João Brandão focada em startups B2B, ficou com uma participação minoritária na empresa.
A capitalização foi principalmente primária, mas uma parcela secundária deu saída parcial aos fundadores Celso Ribeiro, um ex-publicitário, e Danilo Basso, um advogado que fez carreira em times de futebol.
Fundada há dez anos, a BR Media nasceu quando ‘influenciadores digitais’ ainda não era um assunto como é hoje em dia — e com a ideia de monetizar a base de seguidores de jogadores de futebol e atletas.
“As redes sociais já estavam crescendo muito, mas os atletas não as enxergavam como uma forma de trazer uma receita a mais,” Celso disse ao Brazil Journal. “Um jogador podia ter 7 milhões de seguidores no Facebook, mas se a Nestlé mandasse uma caixa de bombom pra ele, ele postava de graça.”
Nesse contexto, os dois empreendedores viram a oportunidade de operar como um ‘broker’, intermediando a relação de marcas com atletas a que eles tinham acesso pelo trabalho de Danilo, que foi responsável pelo jurídico de times como o Palmeiras e o Santos quando era sócio do Martins Castro Monteiro Advogados.
Com o tempo, a BR Media foi evoluindo seu modelo de negócio, passando a trabalhar com influenciadores de modo geral (não apenas atletas) e operando como uma espécie de braço de marketing de influência das marcas.
“Hoje fazemos tudo para as marcas quando o assunto é influenciadores digitais,” disse Danilo. “Administramos a verba publicitária e criamos toda a estratégia de divulgação dos clientes usando nosso time de BI. Depois, fazemos a análise dos resultados da campanha.”
A BR Media já atende mais de 500 clientes, incluindo grandes marcas como McDonald’s, General Motors, Sanofi e iFood.
A companhia vai faturar R$ 200 milhões este ano com um EBITDA de R$ 50 milhões. Em três anos, espera atingir uma receita de R$ 550 milhões e EBITDA de R$ 150 milhões.
“Eles são a empresa com a maior margem do setor e com um posicionamento muito mais diversificado,” disse João Brandão, o gestor da Bridge One. “Além disso, é um setor com um potencial de crescimento muito grande.”
Segundo ele, o enorme gap que existe entre o valor gasto em mídia digital nos Estados Unidos e no Brasil deve fechar nos próximos anos.
“Nos Estados Unidos, 50% a 60% do tempo da população é gasto no digital, e a fatia do budget de publicidade que vai para o digital é mais ou menos semelhante a isso,” disse ele. “No Brasil, 70% do tempo da população é gasto no digital, mas só 30% do budget publicitário vai para o digital.”
Além de seu negócio principal, a BR Media já está explorando novos negócios na creator economy.
Um deles é o MIS, uma plataforma que automatiza o processo de contratação de microinfluenciadores e que compete com a Squid, comprada pela Locaweb. O MIS — que nasceu dentro da BR Media e foi ‘spinoffado’ recentemente — tem mais de 30 mil microinfluenciadores na base, segmentados em diversas categorias.
Quando um cliente quer fazer uma campanha, uma equipe do MIS pesquisa nessa base e entrega uma sugestão de um grupo de microinfluenciadores que faça sentido para a campanha.
Outra empresa criada recentemente é a Farol, que pretende ajudar influenciadores a acelerar suas carreiras, tanto do ponto de vista do crescimento da base quanto de ganhos financeiros. A Farol também busca criar novas fontes de receitas para os influenciadores além da publicidade — por exemplo, criando marcas nativas digitais ou estruturando transações de media for equity.
“O Brasil tem uma deficiência grande no agenciamento da carreira desses talentos, o que faz com que eles deixem de crescer,” disse Celso, o cofundador.