A Bornlogic quer descentralizar as campanhas de marketing usando os vendedores das próprias lojas para criar campanhas para os grandes varejistas.
Bancando essa visão, a Astella Investimentos acaba de liderar uma rodada de R$ 52 milhões na startup. A Astella já havia investido na Bornlogic em 2020 numa rodada seed.
A Bornlogic nasceu há nove anos da cabeça de André Fonseca, um engenheiro de computação que trabalhou na equipe que inventou a linguagem JAVA, em algumas startups no Vale do Silício e mais recentemente na Vinci Partners.
A startup começou com um modelo um pouco diferente do que opera hoje: ela criava robôs e algoritmos de machine learning que ajudavam seus clientes a distribuir melhor a verba publicitária nas campanhas de marketing digital. Basicamente, o algoritmo via quais campanhas estavam indo melhor (e pior), e ia realocando a verba automaticamente.
Quatro anos atrás, André estava conversando com um de seus clientes, o Magazine Luiza, quando teve a ideia que fez a startup pivotar seu modelo de negócio.
“Vimos que, em vez de colocar robôs, os varejistas podiam colocar seus vendedores para fazer as campanhas de marketing digital,” André disse ao Brazil Journal. “Eles têm um know-how muito grande das pessoas, dos produtos vendidos e conseguem fazer conteúdos autênticos e mais criativos. Quando testamos, vimos que eles davam um banho até nos nossos algoritmos.”
Na prática, a Bornlogic oferece uma plataforma que entrega um sistema de distribuição de verba entre as várias lojas e vendedores, bem como um sistema de governança — uma parte essencial para garantir que os vídeos produzidos não gerem um risco à imagem da empresa.
Além disso, a startup entrega um aplicativo onde o vendedor consegue ter ideias para seus vídeos com dicas vindas da própria matriz da empresa ou da indústria, e com dicas geradas pelo próprio sistema de machine learning da Bornlogic.
“Com 300.000 vídeos diferentes já veiculados conseguimos ter uma visibilidade — a nível de SKUs, segmentos e marcas — da evolução do comportamento do cliente. Ver o que vende mais, o que vende menos, a comunicação que dá mais resultado e a que dá menos,” disse André. “Com isso, distribuímos essas ideias para os vendedores com a nossa Assistente do Vendedor, que é nosso algoritmo de machine learning.”
O resultado disso é que a Bornlogic consegue descentralizar a comunicação digital dos varejistas — que conseguem fazer milhares de campanhas diferentes por mês — e com resultados de engajamento superiores.
O Carrefour, por exemplo, conseguiu sair de uma taxa de engajamento de 2,7% em suas campanhas para 27% usando o software da Bornlogic, segundo André.
“Quando investimos na Bornlogic, nossa visão era de que o varejo ia se digitalizar muito na pandemia e que a plataforma deles atacava na veia essa questão. O cara que fazia essa divulgação na frente da loja, com carro de som, panfleto, ia ter que fazer isso de outra forma,” disse Marcelo Sato, da Astella. “De lá pra cá, bastante do que tínhamos desenhado se concretizou, e a Bornlogic triplicou de tamanho.”
A startup já atende 65 varejistas de diferentes ramos. Desde redes de departamento como a Magazine Luiza e Via Varejo até supermercados como Carrefour e Pão de Açúcar, passando por plataformas de moda como Renner e C&A.
Os clientes pagam uma assinatura mensal para ter acesso ao software além de um take rate em cima das vendas geradas pelas campanhas criadas na Bornlogic.
Para ter certeza de que uma venda na loja física se deu por conta de uma de suas campanhas, a startup criou um sistema de atribuições que se conecta ao ERP do varejista.
Por exemplo, se ela faz uma campanha do chocolate Lacta para uma loja e três horas depois as vendas desse chocolate começam a bombar, ela consegue atribuir parte dessas vendas à campanha.
A Bornlogic vai usar os recursos da rodada para aumentar a densidade computacional de seu software e turbinar a área comercial, com foco em segmentos além do varejo.
O plano de André é vender a solução para grandes indústrias e até empresas de educação e serviços financeiros. “É uma solução que ajuda qualquer empresa que tenha uma força de venda B2C,” disse o fundador.
A Série A teve a participação da HiPartners, um fundo focado apenas em retail techs; da Endeavor Scale Up e de Marcelo Lombardo, o fundador da Omie.