Nos últimos sete anos, a Bom Pra Crédito cresceu basicamente com a mesma estratégia: conectar credores tradicionais — como bancões e financeiras — com pessoas interessadas em tomar um empréstimo pessoal. 

O negócio deu certo. 

A plataforma intermediou mais de R$ 1 bilhão em empréstimos desde então e está originando pouco mais de R$ 50 milhões em crédito por mês — uma produção que cresce a taxas mensais de 10%. 

Agora, a Bom pra Crédito está dando dois passos que podem ser transformacionais para a fintech: está abrindo sua plataforma para o mercado de capitais — essencialmente FIDCs — e entrando numa nova vertical: o crediário digital. 

As mudanças têm potencial para triplicar o tamanho da empresa, Ricardo Kalichsztein, o CEO e fundador, disse ao Brazil Journal.

Segundo ele, a fintech já tem garantido R$ 1 bilhão em funding desses FIDCs e espera originar mais R$ 2 bi em crédito nos próximos dois anos. 

Além de aumentar o funding, a abertura da plataforma para FIDCs melhora o ‘economics’ da Bom pra Crédito. No modelo tradicional, ela ganha apenas um fee pela originação do crédito para os bancões. Com os FIDCs, ela recebe também uma taxa mensal por fazer a gestão da carteira — um modelo de ‘credit as a service’.

A remuneração varia de acordo com o número de clientes, mas a startup só ganha em cima dos que estão adimplentes, diz Ricardo. “Isso alinha os interesses, porque é um estímulo para deixar o cliente em dia e para gerar créditos de qualidade.”

A entrada no mercado de crediário também é um marco para a empresa, que até agora vinha originando apenas empréstimo pessoal sem garantia. 

O lançamento da nova linha está sendo feito em parceria com as plataformas VTEX e Wapstore, e começa a funcionar nas próximas semanas com sete varejistas. Na prática, quando for fechar uma compra no ecommerce dessas empresas, além das opções tradicionais de cartão de crédito e boleto, o cliente poderá optar por pagar parcelado com juros. 

“Ele ajuda o consumidor que quer comprar uma geladeira, um móvel, e hoje precisa usar o crédito rotativo do cartão de crédito, ao mesmo tempo em que soluciona a dor de milhares de varejistas que não têm crediário próprio,” diz Ricardo. 

Segundo ele, mesmo grandes varejistas que já tenham seu próprio crediário podem usar a solução. 

“Eles têm o crediário deles, mas nunca é 100% de aprovação. Tem uma parte do risco de crédito que eles podem não querer tomar e que pode ser interessante pra alguns dos nossos parceiros.”

A Bom pra Crédito já levantou R$ 63 milhões em quatro rodadas de capital. Na última delas, em 2019, captou R$ 35 milhões do Grupo Globo no modelo de ‘media for equity’.