O Banco BMG acaba de comprar 50% da Araújo Fontes, uma das principais boutiques de M&A e gestão de recursos de Belo Horizonte, numa transação que pode ser o embrião de um banco de investimento dentro de uma instituição historicamente conhecida por seu negócio de consignado. 

O BMG está pagando R$ 85 milhões pela participação na Araújo Fontes, mas o valor pode subir para até R$ 150 milhões dependendo de algumas metas de performance — elevando o valuation potencial para R$ 300 milhões (post money). 

A companhia será co-controlada pelo BMG e seus atuais sócios.

O investimento será apenas primário. O balanço mais robusto deve ajudar a Araújo Fontes na disputa por mandatos de M&A, e a companhia também vai usar os recursos para investir em seus próprios fundos — o que facilitará lançar novos produtos.

A CEO Ana Karina Bortoni disse ao Brazil Journal que a transação faz parte da estratégia do BMG de se tornar “um banco completo”. Nos últimos anos, o banco lançou a BMG Seguros, a BMG Corretora e a Granito, seu negócio de adquirência, no qual o Inter adquiriu uma participação. 

O BMG hoje tem uma carteira de crédito corporativo de R$ 1,8 bilhão — metade em antecipação de recebíveis para seus correspondentes bancários, as empresas que intermediam a venda dos consignados do BMG. Os empréstimos para outras companhias totalizam cerca de R$ 500 milhões, e há ainda outros R$ 300 milhões em empréstimos para times de futebol. 

A carteira total do BMG é de R$ 14 bi. 

“No corporate mais clássico, o grande crescimento que essa aquisição possibilita está no cross selling da nossa mesa de derivativos, que hoje oferece hedge para empresas,” diz o vice-presidente Flávio Guimarães Neto. “Como a Araújo Fontes é muito forte em estruturação de dívida, mercado de capitais e assessoria para M&As, vemos sinergias importantes entre essas duas áreas.”

O BMG ainda não tem uma divisão de gestão de recursos, e a compra ajuda também nessa frente: os fundos da Araújo Fontes poderão ser distribuídos para os 3,9 milhões de clientes com uma conta digital no BMG. 

A Araújo Fontes foi fundada em 1990 por Evaldo Fontes e Marcelo Araújo como um escritório de advocacia. Hoje, a empresa é uma partnership com dez sócios e cerca de 100 funcionários. 

Metade da receita vem da assessoria de M&A e operações do mercado de capitais; a outra metade, da área de gestão de recursos, que tem R$ 2,2 bilhões sob gestão em fundos de ações, crédito privado e multimercado. 

A XP assessorou o BMG.