O conselho do Burger King Brasil acaba de publicar seu parecer sobre a oferta pública do Mubadala para comprar 45% do capital da empresa.
O board se posicionou contrário à OPA – citando o preço da oferta e o impacto que a venda do controle poderia ter para a liquidez da ação.
O fundo soberano do Abu Dhabi ofereceu R$ 7,55 por ação, um prêmio de 21% em relação ao fechamento do dia anterior à oferta.
O conselho disse que esse preço é significativamente inferior ao valor justo calculado pelo assessor financeiro da empresa – o BTG Pactual – que usou diversas metodologias para calcular o fair value, incluindo o fluxo de caixa descontado, múltiplos de mercado e de transações semelhantes.
O BTG chegou a um intervalo de R$ 9,96 a R$ 13,47 para o preço justo da ação, com um ponto médio de R$ 11,72 – um prêmio de 55% em relação ao valor oferecido pelo Mubadala.
O papel negocia hoje a R$ 8,40, depois de disparar mais de 35% após a notícia da oferta.
O conselho também disse que fez reuniões com investidores representando cerca de 60% do capital da companhia.
Segundo o board, eles mostraram preocupação em relação ao preço; o efeito na liquidez; e também com a companhia ter um controlador “financeiro e sem experiência prévia no setor.”
“O acionista controlador poderá ter interesse em realizar aquisições, alienações de ativos, parcerias, busca de financiamentos, ou tomar outras decisões que podem ser conflitantes com os interesses dos demais acionistas e que podem não resultar em melhorias nos seus resultados operacionais, causando um efeito relevante adverso,” disse o parecer.
O documento também diz que, caso a oferta seja bem-sucedida, haverá uma redução “relevante” na liquidez da ação.
Agora, o Mubadala terá que decidir se retira a oferta, aumenta o preço ou toma o risco de ir para o leilão sem a certeza de que conseguirá levar.
O leilão está marcado para 15 de setembro. Para que a OPA se concretize, o Mubadala precisa encontrar vendedores para os 45% do capital – algo improvável no cenário atual.
Os maiores acionistas do BK Brasil são a Atmos Capital e a Restaurant Brands International, ambas com cerca de 10%; o Morgan Stanley com 9,35%; e a Vinci Partners, com 6,4%.