O Credit Suisse colocou a Arcos Dorados como ‘top pick’ no setor de restaurantes no Brasil – mas disse continuar confiando nos “fundamentos de longo prazo” do BK Brasil, cuja ação tem ainda mais potencial de alta que a Arcos, mas com um risco também maior.
A recomendação do CS para a Arcos – dona da franquia master do McDonald’s em 20 países da América Latina e do Caribe – saiu de ‘neutro’ para ‘outperform’, e o preço-alvo subiu 50% para US$ 9,50, com upside de cerca de 30%.
Para a analista Marcella Recchia, a maior exposição da Arcos ao formato free-standing – lojas de rua com drive-thru – deu à empresa mais resiliência na pandemia, garantiu ganhos de market share (2,3 pontos percentuais em relação a 2019), protegendo as margens da companhia.
Além disso, a Arcos demonstrou forte capacidade de execução em ‘unit growth’, o que fez a analista elevar em 19% a estimativa de EBITDA ajustado para 2022 e 2023.
“Acreditamos que o alto nível de execução da Arcos não justifica mais que a ação negocie com desconto em relação ao BK Brasil”, diz o relatório. Historicamente, o desconto é de 20%, com o BK negociando a 9x-10x EV/EBITDA e a Arcos a 7x-7,5x.
Hoje, a Arcos e o BK já negociam a múltiplos semelhantes, de 5,9x e 5,7x para 2023, respectivamente. Os novos preços-alvos do CS para as duas empresas embutem o mesmo múltiplo para ambas, de 7,5x
A Arcos espera inaugurar 200 novos restaurantes – 60% no Brasil – nos próximos três anos. Para um prazo maior, de dez anos, a empresa vê potencial para 1.000 novas unidades.
Até 2024, o CS espera uma expansão de 30 pontos-base na margem bruta da companhia, por conta de iniciativas de gestão de receita, bem como melhorias nos níveis de produtividade por loja.
A analista do CS reiterou a recomendação outperform para o BK Brasil, mas reduziu o preço alvo em 19%, para R$ 10,50, ainda assim com um upside de 60%
Apesar do maior upside de BK, o CS escolheu a Arco como top pick no setor pelo melhor desempenho que a companhia deve apresentar no curto prazo.
“Este ano ainda vai ser de transição da pandemia, e a Arco tem mais exposição a lojas que trazem mais resiliência no curto prazo. É um negócio mais safe, com menos risco que o BK,” Marcella disse ao Brazil Journal. “Mas se você não está preocupado com o horizonte de curto prazo e está olhando para uma janela mais longa, o BK oferece mais oportunidades, mas acompanhado de um risco maior.”
Apesar da maior exposição do BKB a lojas de praças de alimentação de shoppings, que foram menos resilientes durante a pandemia, a analista acredita que a empresa continua bem posicionada na reabertura e vai entregar melhorias sequenciais nos resultados operacionais daqui para a frente.
O CS acredita que o foco do BKB em digitalização é fundamental para impulsionar as vendas mesmas lojas e acelerar os ganhos de share em meio à consolidação, o que deverá fazer com que a empresa recupere suas margem EBITDA.
A empresa planeja entre 65 e 85 novos restaurantes próprios este ano – 35 a 45 BKs no modelo free-standing e 30 a 40 Popeyes em praças de alimentação; além de 10 a 20 unidades franqueadas.
Nos próximos três anos, o CS espera que o BKB abra 270 novos restaurantes, mais que o dobro do número que Arcos espera abrir no Brasil.
Além dos investimentos em tecnologia e o ramp-up de lojas recém-inauguradas, a empresa está fechando lojas não-lucrativas, o que deve ajudar a aumentar a margem EBITDA e o ROIC daqui para frente.
A analista diz que o impacto da pandemia levou a um período mais longo do que o esperado de recuperação dos resultados operacionais da empresa, e reduziu a projeção para o EBITDA em 9% para 2022 e 2023.