A BHub — uma startup de contabilidade e gestão financeira para pequenas e médias empresas — acaba de levantar uma rodada para financiar sua estratégia de aquisição de escritórios de contabilidade.
A captação, de US$ 10 milhões (R$ 53 milhões ao câmbio de hoje), foi liderada pela Next Billion Capital Partners, uma gestora com sede em Washington fundada por ex-executivos do IFC.
A Next Billion é focada em mercados emergentes e já fez outros quatro investimentos no Brasil: Creditas, Loggi, Alice e Recargapay.

Junto com a rodada, que está sendo chamada de um pre-Series B, a BHub está anunciando uma nova aquisição: a Agrocontar, o maior escritório de contabilidade para o agronegócio do Brasil, que fatura cerca de R$ 40 milhões e atende gigantes como a Syngenta.
Essa é a décima aquisição da startup desde que a BHub começou com sua estratégia de M&As em novembro do ano passado.
“O caminho natural para o nosso setor é passar por um processo forte de consolidação. A Reforma Tributária vai subir a barra para todo mundo, já que no começo vai ser preciso atuar em aderência a dois regimes, e vai demandar investimentos relevantes,” o fundador Jorge Vargas Neto disse ao Brazil Journal.
“Queremos liderar esse movimento e somos a primeira empresa fazendo isso com inteligência artificial e uma plataforma de gestão financeira.”
Fundada em 2021, a BHub opera como uma espécie de ‘backoffice as a service’, cuidando de todas as necessidades das empresas que não tenham a ver com seu core business. Isso inclui a contabilidade (a principal atividade da startup hoje) e a gestão financeira, como o contas a pagar e receber.
A BHub atende 8,5 mil clientes, incluindo startups como a Kovi e a Pipo Saúde, ONGs como a Gerando Falcões e a TETO, e gestoras como o Pátria e a Tarpon.
A startup deve faturar R$ 150 milhões este ano, um crescimento de 160% em relação a 2024. Em novembro, o ARR (a receita mensal anualizada) já atingiu R$ 168 milhões.
A projeção para o ano que vem é de manter o mesmo ritmo de crescimento, superando a marca de R$ 300 milhões de faturamento.
A rodada de hoje foi acompanhada pela Valor Capital, Monashees e Hedosophia, que já eram investidores da BHub. A captação veio cerca de um ano depois da Série A, em que a empresa captou outros R$ 140 milhões.
Os recursos da rodada vão ser usados para financiar essa estratégia de aquisições, que tem sido bancada também com dívida.
Jorge disse que tipicamente a companhia paga a primeira parcela da aquisição 60% com equity e 40% com dívida. As parcelas restantes são pagas com a geração de caixa do próprio negócio.
O plano do fundador é fazer uma Série B já em 2026, para ter ainda mais poder de fogo para novos M&As.
Além das dez aquisições que já fez, a BHub tem parceria de distribuição com outros 10 escritórios de contabilidade, que eventualmente poderiam evoluir para uma compra.
A BHub é a terceira empresa de Jorge, que começou sua carreira como advogado do Pinheiro Neto. Sua primeira startup foi a Biva, de empréstimos peer to peer, que foi adquirida pela PagSeguro em 2017. Na sequência, ele fundou a Zen Finance, um credit as a service que foi comprado pela Rappi em 2021.
“Na Zen Finance tivemos que fazer uma venda às pressas e quando estávamos com os contratos assinados os contadores viram que tínhamos que pagar um ganho de capital porque a patrimonialização das despesas incorridas com a construção do software não tinha sido feito,” disse ele.
“Como tivemos esse problema na contabilidade, imaginei que outras startups também passavam por isso e tive a ideia de criar a BHub.”
A BHub opera no mesmo mercado da Contabilizei, que tem o Warburg Pincus como maior acionista. Mas enquanto a Contabilizei foca nos empreendedores bem pequenos, que operam no Simples Nacional, a BHub está um degrau acima, atendendo companhias maiores (normalmente no Lucro Presumido ou Real) e que já tem um nível de complexidade contábil muito maior.
A plataforma da startup automatiza diversas demandas contábeis dos clientes, além de realizar todos os processos de contas a pagar e receber. Ela também dá uma visibilidade de como o negócio está evoluindo, com métricas empresariais.











