Os BDRs da XP foram os papéis mais negociados na bolsa brasileira ontem, desbancando Vale e Petrobras. 

O papel — um recibo lastreado na ação da XP listada na Nasdaq — movimentou R$ 2,76 bilhões, enquanto a Vale negociou R$ 2,62 bilhões e a Petrobras, R$ 1,73 bilhão. 

As ações preferenciais do Itaú ficaram em quinto lugar, com R$ 949 milhões, atrás do Bradesco, que girou R$ 1,22 bilhão. 

Nesta sexta, o papel já havia negociado 1 milhão de ações até o meia-dia.

Isso significa que o papel pode se tornar um novo polo de liquidez na B3, uma nova blue chip na Bolsa brasileira?

Sim e não.

Uma regra da B3 impede BDRs de fazerem parte do índice Bovespa, o mais importante benchmark de Bolsa do País. Ou seja, por mais líquido que o papel se mostre, ele não fará parte do índice… que, ironicamente, usa liquidez como critério de admissão.  

Outra regra que está ficando velha e talvez mereça ser revista: a Previc — que regula os fundos de pensão — classifica um investimento em BDR como “investimento no exterior”.

Como as regras da Previc limitam em 10% a exposição dos fundos de pensão a investimentos no exterior, isso reduz a margem de manobra de muitos deles para manter o BDR da XP na carteira — apesar da empresa ser um play na economia doméstica.  

Mais de 500 mil pessoas físicas — que detinham ações ON e PN do Itaú — receberam os BDRs.

Fundos passivos que detinham Itaú na carteira e receberam os BDRs representam cerca de 5% do float da empresa.  Como esses fundos replicam o Ibovespa, eles precisam vender os BDRs, criando um overhang que deve terminar nos próximos dias.

A XP vale US$ 23,3 bilhões na Nasdaq, ou R$ 128 bi ao câmbio de R$ 5,50.