Graça FosterCom o dólar “amassado” a R$2,22 e portanto sem nenhuma aparente necessidade de intervenção, cresce no mercado a tese de que o Governo continua a vender swaps cambiais para ajudar a Petrobras sem ter que dar o aumento na gasolina — altamente impróprio em ano eleitoral.

Ao desvalorizar o dólar por meio da oferta de proteção cambial, o Governo diminui o prejuízo da empresa na importação de combustível.

“Eles contam com a apreciação do real para fechar as contas do capex (investimento) da empresa daqui para frente”, diz um analista.

Um gestor de fundos que faz apostas macroeconômicas acha que o foco do BC não é a Petrobras em particular, mas a inflação como um todo. “Acho que estão mais focados na inflação, o cobertor está curto”, diz este gestor. O dólar mais baixo reduz o preço dos importados e ajuda no controle da inflação.

“O Governo está numa sinuca”, concorda um outro. “Sem repasse para o preço da gasolina, uma desvalorização do real não traria melhora do saldo comercial, gerando apenas mais perda de caixa em real para a Petrobras. Isso retira da política econômica a possibilidade de fazer crescer o PIB via setor externo.”

“A venda de swaps pelo BC atende mais o objetivo de estabilizar a inflação de forma artificial, e nesse contexto a Petrobras é favorecida de forma secundária, pois vê sua necessidade de caixa ser reduzida sem o efetivo aumento da gasolina.”

O plano estratégico da Petrobras, divulgado em fevereiro, assume uma cotação média do dólar de R$ 2,22 em 2014, R$2,10 em 2015 e convergindo para R$1,92 no longo prazo.