A renegociação do acordo entre o Banrisul e o governo do Rio Grande do Sul para a gestão da folha salarial dos servidores do estado é mais um fator de pressão sobre a ação do banco. 

O contrato termina no ano que vem, e a secretária da Fazenda, Pricilla Santana, estabeleceu o preço mínimo de R$ 1,2 bilhão para a revenda da folha – o mesmo valor nominal que o Banrisul pagou em 2016.

Só que, de lá para cá, o valor que uma folha de pagamento gera para os bancos diminuiu: ficou mais difícil reter os clientes em razão do aumento da concorrência e da evolução do open finance

Mas se não renovar o contrato, o Banrisul perderá uma fonte importante de receitas. Cerca de um terço da carteira de crédito do banco vem do consignado, e a maior parte é originada na base dos servidores do Rio Grande do Sul.

O risco de perder a folha está no preço, e ajuda a explicar por que a ação do banco negocia a um múltiplo price-to-book de 0,45x – um desconto em relação à média do setor, que está em cerca de 1,1x book.

O papel também está barato porque o ROE do banco está magérrimo – 9% – em razão de uma carteira de crédito composta por linhas de baixo spread, como consignado e rural.

Além disso, a alta dos juros tem prejudicado os resultados, já que a maior parte das linhas é prefixada e o passivo é pós – e a instituição faz pouco hedge.

O Banrisul tem recursos para comprar a folha. Segundo esse analista, uma aquisição por R$ 1,2 bilhão reduziria o índice de capital principal de 12,8% para 11%, um patamar ainda confortável.

Mesmo assim, trata-se de um desembolso considerável, que corresponde a 25% do valor de mercado do banco, que vale R$ 4,9 bilhões na Bolsa. 

O papel cai 4,5% nos últimos 12 meses, enquanto o Ibovespa sobe 10%.