A Sportheca — o venture builder que criou o One Fan, responsável pelos apps do Corinthians, Flamengo e São Paulo — está levantando recursos para criar pelo menos mais três startups no nicho dos esportes. 

Gustavo Verginelli

A companhia está conversando com investidores para levantar R$ 10 milhões e investir em startups que, entre outras coisas, permitem ao torcedor ter uma experiência no dia do jogo que prescinda da ida ao estádio, ou que trabalhem com a web3, ou ainda que aumentem a interação dos fãs com os jogos. 

O cofundador Gustavo Verginelli disse ao Brazil Journal que a Sportheca já tem duas teses em fase avançada de desenvolvimento: a Match Party, uma startup que quer levar personalização e interatividade para as transmissões ao vivo de jogos, e a Second Field, que quer levar dados e inteligência ao processo de treinamento dos times de base e à negociação de jogadores (nos moldes do filme Moneyball). 

Segundo Gustavo, a Match Party já está em conversas com detentores de direitos de transmissão, incluindo o SBT e a Globo, para criar o negócio em parceria com essas empresas.

A ideia é que a Match Party ajude os detentores dos direitos a ter uma fonte adicional de receita, cobrando uma assinatura dos telespectadores que quiserem usar as funcionalidades da startup.

Eduardo tega

“Nossa ideia é gerar socialização, permitindo que os fãs assistam aos jogos conversando entre elas e fazendo apostas, mas também gerar interatividade e socialização,” disse Eduardo Tega, o CEO e outro fundador.

A tecnologia da Match Party também vai permitir que o telespectador troque o narrador do jogo quando quiser — pode isso, Arnaldo? — salve os lances que mais gostou, e possa até escolher a câmera e o ângulo para assistir ao jogo.

“As pessoas cada vez mais pedem esse tipo de personalização e a indústria está caminhando para isso,” disse ele.

O clube Colônia, da Alemanha, recentemente fez um teste implantando uma câmara pequena no uniforme de dois de seus jogadores, permitindo gravar o jogo da perspectiva deles. No futuro, Eduardo acredita que isso será uma tendência, com o telespectador podendo escolher assistir o jogo pela câmara do jogador que preferir. 

Já a Second Field pretende funcionar como uma plataforma de dados sobre os jogadores para subsidiar as tomadas de decisão.

“Hoje o treinamento dos jogadores e o processo de venda é feito muito com base empírica, sem dados e evidências,” disse Fábio Scripilliti, o terceiro fundador. “Queremos digitalizar a formação do atleta.”

Fábio ScripillitiA ideia é criar uma plataforma onde o técnico e os próprios jogadores vão imputar dados detalhados sobre os treinamentos. Com isso, será possível criar um score para cada atributo e avaliar onde o profissional precisa melhorar. 

Essa plataforma também será relevante na hora da venda do jogador, já que o clube comprador poderá ter acesso a esse dashboard e continuar seu treinamento com base nesses dados. 

A Sportheca já está fazendo um piloto dessa solução junto com o São Paulo, mas a ideia é vender para diversos clubes do Brasil e do mundo.

Fundada em 2019, a Sportheca já tem um case de sucesso: a OneFan, que ajuda mais de 50 clubes — inclusive Corinthians, Flamengo e São Paulo — a criar e gerir seus aplicativos, gerando engajamento com os torcedores e aumentando a receita.

A OneFan ganha de duas formas: um fee mensal pela manutenção da tecnologia e um revenue share em cima da receita que os clubes ganham com essa vertical.

Em janeiro, o Grupo SBF, dono da Centauro, comprou 30% da OneFan por meio de bônus de subscrição que ainda não foram exercidos.