O Assaí reportou um quarto trimestre em linha com as estimativas do mercado e que mostrou resultados positivos das conversões de hipermercados Extra feitas ao longo do ano passado.

A receita líquida veio em R$ 15,9 bilhões, uma alta de 38% na comparação anual, impulsionada por uma expansão de 36% da área de vendas com as aberturas de lojas e por um crescimento de 10,5% no same-store sales. 

O SSS — que ficou em linha com o número do Atacadão — cresceu em cima de uma base de comparação favorável, dado que ele havia caído 3,1% no quatro tri do ano passado.

A margem bruta ficou flat em 17,2%, ajudada por uma boa execução e boa performance das lojas convertidas, que “provavelmente rodam com margens maiores dado seu mix B2C mais amplo,” escreveu o JP Morgan. 

Já as despesas foram pressionadas por custos pré-operacionais das 37 aberturas feitas no período. A margem EBITDA ajustada (excluindo essas despesas pré-operacionais) ficou em 7,3% — uma queda de 0,6 pontos na comparação anual — com o EBITDA ajustado atingindo R$ 1,2 bilhão, uma alta de 29%. 

“A maturação rápida das conversões somada a uma dinâmica comercial sólida permitiu que a margem bruta ficasse estável,” escreveu a analista Marcella Recchia, do Credit Suisse. “Mas as altas despesas e os write-offs de lojas fechadas levaram a uma contração da margem EBITDA.”

Em 2022, o Assaí converteu 47 hipermercados Extra e abriu outras 13 lojas. Desse total de 60 lojas, 37 abriram as portas no quarto tri.

O Assaí disse que as lojas convertidas já estão entre as melhores da companhia: dois meses depois da conversão, elas já apresentam vendas de 2x a 2,5x maiores que antes.

Para este ano, a varejista projeta abrir 40 lojas, com mais 19 conversões de Extras em Assaís. 

“O Assaí superou o ambiente macro desafiador e entregou resultados sólidos, com uma robusta geração de caixa operacional nos últimos doze meses e uma diluição da margem EBITDA menor que o esperado pelas 60 aberturas de lojas,” escreveu o Credit Suisse. 

Mas diversos bancos notaram que o resultado foi beneficiado por um fenômeno não-caixa que pode ocorrer quando uma varejista está em franca expansão: os juros capitalizados sobre as lojas que ainda não abriram. Neste momento, este lançamento ajuda a aumentar o lucro, mas se torna depreciação depois que as lojas abrirem.

Em 2022, o Assaí cresceu tanto sua base de lojas que o CS estima que os juros capitalizados representaram 63% do lucro líquido, criando “um ‘overhang’ para os resultados de 2023.” 

O JP Morgan nota que excluindo os créditos fiscais do lucro e ajustando o resultado pelos juros capitalizados, o lucro por ação do Assaí cairia de R$ 0,30 para R$ 0,18, o que representaria uma queda de 24% na comparação anual com o número ficando 7% abaixo das estimativas do banco. 

Para o Citi, a margem bruta e a margem EBITDA foram positivas, e mostraram a habilidade da empresa de manter a lucratividade mesmo em um ambiente de preços mais agressivo e lidando com as despesas maiores das lojas convertidas. 

“Elas também sugerem que as lojas estão maturando bem, como planejado, e devem continuar entregando margens,” escreveram os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo.

A alavancagem do Assaí fechou o trimestre em 2,2x o EBITDA, uma queda de 0,5 ponto percentual. A varejista tem sinalizado ao mercado que espera reduzir essa alavancagem gradualmente, caindo para 2x no final deste ano e para 1,5x em 2024.