Ontem à noite, pouco depois de o governo anunciar o aumento do IOF, executivos do mercado financeiro procuraram o Ministério da Fazenda para apontar os impactos – alguns desastrosos – de parte das medidas.

O problema mais gritante era a alíquota de 3,5% sobre as aplicações de fundos no exterior – que poderia tornar produtos inviáveis. Barbeiragem reconhecida, o governo decidiu voltar atrás.

Marcelo Noronha

Mas ainda sobraram pontos que podem gerar distorções, na visão de Marcelo Noronha, CEO do Bradesco.

Um deles é o fato de o governo ter aumentado a tributação do crédito bancário às empresas, mas deixado de lado os títulos de valores mobiliários, como as debêntures.

“Sugerimos ao governo que olhe isso, para evitar assimetrias,” Noronha disse ao Brazil Journal. “A atividade bancária é complexa, e algumas mudanças podem gerar consequências não previstas.”

Noronha também sugeriu ao Ministério que avalie a tributação do mercado cripto. Como esses ativos são isentos de IOF, poderiam ser usados para o envio de recursos ao exterior, para “driblar” a tributação das contas globais e cartões, segundo o executivo.

Sobre o impacto do aumento do IOF no crédito, o executivo acredita que a elevação desse imposto equivale a uma alta de 20 bps a 50 bps da taxa Selic.

“Se isso for verdade e o Banco Central capturar esse efeito nas suas análises, a curva de juros pode estabilizar mais rapidamente,” afirmou.