Com a guerra pela liderança do ecommerce no Brasil cada vez mais acirrada — o Mercado Livre lidera, mas seus concorrentes Amazon, Shopee e TikTok Shop têm recuperado terreno — a XP analisou como as empresas se saem em cinco diferentes áreas do negócio.
O primeiro segmento analisado pelo time de Danniela Eiger foi logística e frete, uma área em que o Mercado Livre leva vantagem em relação aos pares.
Além de ser a alternativa mais rápida, oferecendo entregas no dia seguinte à compra em 10% das rotas rastreadas, contra 6% da Amazon, o MELI oferece mais alternativas logísticas e possui uma capacidade de armazenamento superior à dos pares, diz o relatório.
Sem considerar planos de fidelidade, o Mercado Livre possui ainda os fretes mais baratos do mercado, mas a Amazon tem se aproximado neste quesito e lidera no segmento com planos de fidelidade (Prime).
A empresa de Jeff Bezos também é melhor que as concorrentes em termos de soluções de anúncios, a segunda área examinada pela XP.
Ainda que todos os players tenham portfólios robustos em suas plataformas, cobrando principalmente com base no CPC (custo por clique), Amazon e MELI se destacam por também ofertar ferramentas de otimização como a DPS (plataforma de demanda) e anúncios em plataformas de streaming.
Os analistas acreditam que “a solução da Amazon esteja mais madura, já que suas operações no Brasil utilizam produtos validados em outras regiões, enquanto o MELI ainda está desenvolvendo suas ofertas.”
Em termos de custos para o vendedor, o terceiro fator investigado pela XP, a liderança é, ao menos por ora, da novata TikTok Shop.
Presente no mercado brasileiro desde maio, a chinesa possui hoje a menor taxa de comissão do mercado, de 6%, enquanto busca ganhar share e atrair novos vendedores.
Além disso, TikTok Shop e a Shopee operam com um modelo mais simples, com taxas fixas tanto para comissões quanto para frete, enquanto Amazon e MELI possuem modelos de negócios mais desenvolvidos, com taxas de comissão personalizadas para cada categoria de produto e uma gama mais ampla de opções de frete.
A estratégia de marketing das plataformas de ecommerce, o quarto ponto analisado pela XP, é o campo de batalha mais imprevisível da “guerra”, sem uma liderança clara.
“Devido à acirrada concorrência no mercado, observamos que as empresas estão investindo cada vez mais em campanhas com celebridades para promover seus eventos e promoções,” disseram os analistas.
Eles citam que o MELI, por exemplo, intensificou fortemente seus esforços de marketing tanto offline (campanha de Neymar e Ronaldo e placas da Eletromedia) quanto online (cupons).
O Mercado Livre volta a liderar no quinto quesito investigado pela XP: categorias de produtos em destaque.
Vestuário, beleza e bens de consumo embalados (CPG) são as categorias em que as empresas têm investido para expandir suas ofertas e melhorar a experiência do usuário, disseram os analistas, já são importantes impulsionadoras de recorrência.
O MELI tem lançado recursos voltados para esses segmentos, como um provador online e landing pages exclusivas. Além disso, o estabelecimento de “lojas oficiais” na plataforma aumentou a confiança do consumidor e estabeleceu preços mais competitivos.
No entanto, a XP espera que o TikTok Shop se torne uma ameaça no médio prazo, principalmente no segmento de vestuário.
A plataforma pode explorar em vídeos o apelo visual das tendências, ajudando a lidar com a ausência do “toque e sinta” no canal digital; colaborações com influenciadores, que amplificam a visibilidade do produto; e o algoritmo do TikTok, que alavanca a assertividade do público-alvo dos produtos.
A XP tem recomendação de compra para MELI e estabeleceu um novo preço-alvo para a ação, de US$ 3.100 ao fim de 2026, o que pressupõe ganhos de 25% em relação ao fechamento de sexta, a US$ 2.472.