A Vale cai quase 4% no pregão desta quinta-feira depois de divulgar seus resultados do terceiro trimestre.VALE

Uma espécie de tempestade perfeita fez a empresa ter um raro prejuizo.

O que aconteceu? O preço efetivo — quanto a Vale consegue pelo seu minério — veio pior que o esperado.

Além disso, a empresa teve uma perda de variação cambial e com swaps cambiais que ninguém esperava.

(Usando contratos chamados swaps, a Vale travou o seu preço em reais. Num exemplo hipotético: uma tonelada de minério, vendida a US$ 90 por tonelada, e com o dólar a 2,20, vale 198 reais. A Vale fez um swap para garantir essa taxa de câmbio. Só que, depois disso, o dólar subiu para 2,50. Na nova taxa, aquela tonelada poderia ser vendida por 225 reais. A diferença entre estes 225 e os 198 garantidos pelo swap são a ‘perda cambial’ da empresa. Em outras palavras: a companhia não conseguiu aproveitar essa alta recente do dólar.)

Outra: o custo de produção de minério aumentou 8,2% — foi de 20,8 dólares/tonelada para 22,5.

E, para terminar… O volume vendido surpreendeu negativamente. O relatório de produção, que havia sido divulgado dias atrás, havia mostrado recorde de produção, mas essa produção maior não virou vendas, ou seja, os estoques aumentaram.

A Vale está sofrendo porque a China não é mais a máquina engolidora de aço que costumava ser, e o mundo está nadando em minério de ferro.

A ação negocia a apenas 13 vezes o lucro estimado para o ano que vem. Isso se se considerar um cenário de estabilidade de preços de minério para 2015 (em torno de USD 85/ton).

Apesar do preço da ação parecer barato por parâmetros históricos, a realidade mudou, e a ação há muito tempo parece ter se tornado uma armadilha.