A Arco Educação — dona do sistema SAS de ensino — acaba de fechar a compra da Positivo, a marca líder em sistemas de ensino no País, por R$ 1,65 bilhão.

O preço equivale a 11 vezes a geração de caixa da Positivo esperada para 2019, estimada em R$ 150 milhões. A Arco negocia a 30 vezes sua geração de caixa.  A Positivo cresceu 10% ao ano nos últimos dois anos, e deve manter a performance este ano.

Foi a segunda aquisição bilionária feita por uma empresa cearense nesta terça-feira, depois que a Hapvida comprou o Grupo São Francisco por R$ 5 bilhões.

A Positivo faz a Arco praticamente triplicar sua base, num segmento em que escala é a alma do negócio.  A companhia passará a atender 1,2 milhão de alunos em 4.800 escolas, contra sua base atual de 405 mil alunos em 1.140 instituições.

A transação traz potencial para ganho de margens — com diluição de custos fixos e despesas — além de suavizar os investimentos necessários para desenvolver outras plataformas, especialmente as de contraturno. A Arco estima sinergias de R$ 30 milhões/ano.

A Positivo está vendendo apenas o sistema de ensino. Ficam de fora do negócio suas sete escolas de educação básica no Paraná e em Santa Catarina, com cerca de 8 mil alunos, bem como suas unidades de ensino superior e o negócio de apostilas para escolas públicas.

A Positivo colocou todo os negócios à venda, separadamente. 

Por serem um negócio altamente escalável e com receita recorrente, os sistemas de ensino se tornaram a menina dos olhos do setor de educação, especialmente depois que o FIES secou a torneira do ensino superior. 

A estratégia da Arco é se manter como um pure play de sistemas, mantendo-se fiel a seu DNA de tecnologia e com agilidade e capital para atuar no segmento. Todas as concorrentes de porte atuam também na operação de escolas de ensino básico ou superior.

A Positivo tem complementariedade geográfica com a Arco: 70% dos alunos da empresa paranaense estão no Sul e Sudeste, contra apenas 40% da cearense. 

A companhia também tem um price point mais baixo, cerca de 65% menor que o produto premium da Arco, dando acesso a escolas mais baratas do que as tradicionalmente atingidas pela companhia.

A Arco vai pagar 50% agora e o restante em parcelas começando em 2021 e encerrando em 2024. A expectativa é que a metade restante seja paga com os recursos da própria operação, que é forte geradora de caixa. 

A transação de hoje é o primeiro uso que o CEO Ari de Sá Neto dá aos recursos captados no IPO, em setembro passado, quando a Arco levantou US$ 220 milhões ao se listar na Nasdaq.

A companhia estreou valendo US$ 850 milhões e disparou 35% já no primeiro dia de negociação. Hoje, vale quase o dobro: US$ 1,56 bilhão.