O Bank of America fez um corte generalizado nas ações do setor de varejo — precificando basicamente os impactos para o setor da isenção do imposto de importação nas vendas de até US$ 50.

O BofA rebaixou o Mercado Livre, Magazine Luiza e Multilaser para ‘neutro’ e cortou em 70% o preço-alvo da Lojas Marisa, que já tinha recomendação de ‘venda’. 

O relatório pesou sobre o setor.

O Mercado Livre chegou a cair mais de 8% e fechou em queda de 5,8%.

O Magazine Luiza caiu 4%; Multilaser, 6,2%; e Lojas Marisa, outros 3,3%. 

A Renner — que já havia sofrido um downgrade duplo do BofA semana passada — mergulhou mais 6,4%, enquanto a Guararapes perdeu 2,4%.

O analista Bob Ford disse que a categoria de moda deve ser a mais afetada pela isenção, mas que a ‘arbitragem de imposto’ poderia afetar também as categorias de eletrônicos, jóias, relógios, segurança, móveis, materiais de construção, pets, brinquedos, esportes e beleza.

Para o BofA, a lista de empresas listadas afetadas incluiria praticamente todos os varejistas: Alpargatas, Arezzo&Co, Marisa, Hypera, Lojas Quero-Quero, Lojas Renner, Mercado Livre, Magazine Luiza, Multilaser, Natura, Petz, Soma, Track&Field e Via.

O analista disse que os otimistas sugerem que as implicações da isenção são tão grandes para varejistas e fabricantes — e terão impactos tão relevantes nos empregos e na arrecadação do Governo — que ela deve ser revertida ou mitigada. 

“Isso, no entanto, poderia se provar extremamente impopular com os eleitores brasileiros, potencialmente levando o Governo a atrasar estratégias de mitigação até que algum dano óbvio à economia comece a aparecer,” escreveu o analista. 

No caso do Mercado Livre, o BofA disse que a companhia compete, em grande parte, com as ofertas cross-border que agora não serão taxadas. “Ainda que a gente antecipe que o MELI vai pivotar para oportunidades cross-border, aceleradas pelo seu sucesso no México, essa mudança pode levar tempo, e esperamos que as plataformas puramente cross-border criem riscos de competição.”

Além de rebaixar o papel, o banco cortou o preço-alvo de US$ 1.680 para US$ 1.380, com base num múltiplo EV/GMV de 0,8x para o ecommerce (em comparação a 1x antes) e de 0,2x EV/TPV para o negócio de fintech, em linha com os peers globais. 

No Magalu, o preço-alvo foi de R$ 6,50 para R$ 3,80, com o BofA passando a aplicar um desconto no múltiplo da empresa em relação aos peers globais por conta da maior competição. Já o preço-alvo da Multilaser foi de R$ 9 para R$ 3,10, e o da Marisa de R$ 2,50 para R$ 0,75 por ação.