A Anima Educação reportou agora de manhã um quarto trimestre em linha com o consenso, mas a geração de caixa livre e a captura de sinergias da aquisição da Laureate devem surpreender o mercado.

10453 804d7706 e0fe 0000 011b 42f8fb025600O CEO Marcelo Battistella Bueno disse ao Brazil Journal agora há pouco que, nas marcas que já faziam parte da Anima, as matrículas no primeiro trimestre estão “acima do orçado,” enquanto as marcas que ainda estão no processo de integração estão “em linha” com a expectativa para o ano.

Para o ano fechado de 2021, a geração de caixa livre da Anima ficou em R$ 638 milhões – o equivalente a quase 80% do EBITDA ajustado do ano, que ficou em R$ 803 milhões.

Para conseguir essa geração de caixa robusta, a Anima trabalhou com os alunos para reduzir as taxas de evasão, adotou ferramentas de pricing mais sofisticadas e mudou seu mix, ampliando os cursos da área de saúde – como odontologia, biomedicina, veterinária e psicologia – que possuem tíquete médio maior.

“Usamos o nosso relacionamento com os alunos para trabalhar a questão da evasão porque é mais caro atrair um novo aluno do que manter um atual,” disse o CEO. “Nossa evasão hoje tem se concentrado nos cursos de menor tíquete.”

A geração de caixa acima do esperado será instrumental para reduzir a alavancagem da companhia – que fechou o quarto tri em 4,2x EBITDA e é a principal preocupação do mercado.

Essa alavancagem vai cair para 3x ainda esta semana, quando o PIX de R$ 1 bilhão da DNA Capital – que comprou 25% da Inspirali, a vertical de medicina da Anima – entrar na conta da companhia.

Além da geração de caixa própria, a desalavancagem da Anima deve se beneficiar de um processo acelerado de captura de sinergias na Laureate, cuja aquisição foi concluída em maio passado.

No momento da fusão, a companhia combinada usava 19 sistemas diferentes, incluindo CRM e os ERP acadêmicos, usados para monitorar as performances dos alunos, lançar notas e emitir boletos. De lá para cá, a Anima reduziu esse emaranhado de soluções para apenas seis.

“A Laureate tinha um nível de desintegração enorme,” disse o CFO André Tavares.

A Anima disse que, nos primeiros sete meses depois da aquisição, já capturou sinergias de R$ 135 milhões em termos anualizados – o equivalente a quase 40% dos R$ 350 milhões que a companhia pretendia capturar no quinto ano depois da aquisição.

O resultado de hoje vem num momento em que as empresas de educação negociam na Bolsa perto do low da pandemia, com os investidores aparentemente apostando que a adoção cada vez maior do ensino à distância vai pressionar o tíquete médio das empresas.

“O mercado parece achar que tudo vai virar EAD, e isso não é verdade. Mas as aulas também não voltarão a ser presenciais como eram,” disse o CEO. “O modelo vencedor vai ser o híbrido, e somos o grupo mais preparado para isso porque já estávamos indo por esse caminho quando a pandemia começou.”

A Anima fechou sexta-feira valendo R$ 2,9 bilhões na B3. Este valor de mercado é igual ao valor dos 75% que a empresa tem na Inspirali – ou seja, é como se o mercado atribuísse zero de valor a todos os outros negócios da companhia.

Outro dado comparativo também sugere uma distorção de preço.

Quando fez seu IPO em 2013, a Anima precificou sua ação a R$ 18,50. Desde então, fez um split de 3 para 1 no papel. Isso significa que a ação negocia hoje praticamente no mesmo valor nominal do IPO, mas em qualquer métrica que se analise – faturamento, EBITDA e número de alunos – a companhia hoje é 10 vezes maior.