A Americanas reportou uma forte performance operacional no primeiro trimestre, com GMV e EBITDA acima do esperado.
Mas o resultado foi ‘aniquilado’ pela alta da despesa financeira, disseram os analistas do JP Morgan.
O GMV da Americanas foi de R$ 14,2 bilhões, com crescimento de 22% na comparação anual; para efeito de comparação, na Via, o GMV cresceu 3%; e no MELI, +23%.
A Americanas disse que se beneficiou de sua baixa dependência de categorias de produtos com tíquetes médios mais altos.
O crescimento foi puxado pelas vendas das lojas físicas, que cresceram 28%, “refletindo a reabertura total da base de lojas e a retomada do fluxo de clientes.” As vendas no conceito “mesmas lojas” subiram 10%.
Nas vendas online, a alta foi de 20%; a empresa disse que não fosse pelo ataque cibernético em fevereiro o crescimento teria sido de 30%.
O EBITDA cresceu 58% para R$ 660 milhões, o maior valor já registrado pela Americanas num primeiro trimestre. A margem EBITDA teve incremento de 1,8 ponto e ficou em 9,8%.
Segundo a empresa, os números refletem as sinergias capturadas com a integração entre Lojas Americanas e B2W e a crescente monetização da AME Digital.
Apesar dos avanços operacionais, a Americanas encerrou o tri com um prejuízo de R$ 137 milhões – 39% maior do que no mesmo período do ano passado – com o bottom line sofrendo com a alta de 86% nas despesas financeiras, que bateram R$ 463 milhões neste ambiente de Selic em alta.
Os analistas da XP destacaram a queima de caixa e o aumento de capex.
A Americanas disse que a geração de caixa ajustada, desconsiderando efeitos extraordinários, ficou negativa em R$ 1,8 bilhão devido à sazonalidade normal do período.
Um gestor comprado na ação disse que o resultado veio forte em várias frentes, e agora que a empresa tem todas as operações debaixo do mesmo guarda-chuva pode usar o cashflow das lojas para manter o crescimento forte.
“A Americanas está vendo seu varejo físico normalizar e ao mesmo tempo investe forte em outros formatos: seja físico, como o Hortifruti, seja o online”, disse. “A queima de caixa no primeiro trimestre é sazonal. Ela paga os fornecedores do Natal e monta estoques para a Páscoa. Sempre foi assim.”
Outro gestor, que não tem a ação, disse que a empresa virou a chave internamente para ganhar market share e entregou; mas a queima de caixa num mundo de Selic a 12% impressionou. “De que adianta ter um EBITDA desse tamanho e queimar R$ 1 bi no operacional, R$ 500 mi de recompra e R$ 300 mi de dividendo?”
No Citi, os analistas disseram que um ponto negativo foi a alta da relação dívida líquida/EBITDA, que saiu de 1,5x no quarto tri para 2x, por conta da alta das despesas financeiras.
“Reconhecemos o efeito sazonal no caixa, bem como o impacto do aumento da taxa de juros. No entanto, tentaremos explorar melhor esses pontos na conference call,” disseram os analistas.
Agora, a Americanas negocia a 30 vezes o lucro para 2023 e 7x EV/EBITDA.
A ação abriu em alta de 5,60%, negociada a R$ 23,94.