Quem anda pelo Itaim pode ter impressão contrária, mas, fora da bolha, a Ambev ainda bate a Heineken (de longe) quando o assunto é distribuição.
Para avaliar o desempenho das cervejarias, a equipe do Credit Suisse saiu da bolha e foi a campo: na primeira semana de dezembro, visitou 115 bares em 40 bairros de São Paulo, da região central à periferia.
O veredito: a Heineken vem ganhando preferência, mas ainda enfrenta problemas de entrega, especialmente nas regiões de mais baixa renda.
As marcas da Ambev estavam presentes em 97% dos bares visitados pelo CS, contra 84% na avaliação feita no fim de 2018. Nos bares das regiões mais simples, a cobertura da empresa é integral; o gap vem dos 3% da amostra que operam com exclusividade com a Heineken na região central.
Já a Heineken chega a apenas 85% dos locais visitados, e com um nível de atendimento ainda vacilante.
Do total dos bares, 66% recebem Heineken das engarrafadoras da Coca-Cola e os outros 19% compram de outros revendedores.
Boa parte (63%) dos bares que compram do Sistema Coca-Cola acabam tendo que comprar de outros revendedores por conta de atrasos na entrega e de falta de produto. Cerca de 40% da amostra atendida pela Coca afirma que enfrenta problemas com o abastecimento da Heineken.
“Eu já tive que comprar Coca-Cola no supermercado”, disse um dono de bar no extremo Norte de São Paulo à equipe do banco.
“A Coca-Cola parou de distribuir os produtos aqui”, disse outro dono de bar no extremo Sul.
A capilaridade é essencial especialmente no segmento de bares, conhecido como on-trade: ainda que venha perdendo participação, o canal responde por 62% das vendas de cerveja no Brasil. O restante corresponde ao off-trade – as cadeias de supermercado e postos de gasolina – voltados para o consumo em casa.
Desde que comprou a Brasil Kirin em 2017, a Heineken vem tentando integrar as redes de distribuição. Recentemente, a companhia perdeu uma disputa arbitral para encerrar seu contato com o sistema Coca, que vale até 2022.
Resultado: hoje a Coca distribui Heineken, Amstel, Kaiser e Bavaria, enquanto a Kirin distribui Schin, Eisenbahn e Devassa.
A maratona de bares do Credit Suisse também mostrou que a Petrópolis, dona da Itaipava, está ganhando alcance, com presença em 68% dos bares contra 55% um ano antes.
Apesar das dificuldades na distribuição, a Heineken sai bem onde chega: a marca passou da terceira para a segunda posição entre as que mais vendem, desbancando a Original.
A equipe do CS perguntou a eles quais as três cervejas que mais tem saída em seus estabelecimentos: a Skol lidera, aparecendo no top 3 entre 77% dos bares; seguida pela Heineken, com 61%; e a Original com 46%.
A Heineken lidera em preferência em apenas uma das regiões. Adivinha onde? No Itaim.