A Allied — a maior distribuidora de eletrônicos do Brasil — acaba de comprar a BR Used, uma plataforma de compra e revenda de celulares usados que vai servir de base para transformar sua operação de aparelhos recondicionados num negócio de fato.
A aquisição é a primeira da companhia desde que ela levantou R$ 180 milhões em seu IPO em abril.
O valor da transação não é material, mas “com essa compra, passamos a ter uma marca para usar no mercado de recondicionado, e trazemos o recondicionamento que eles têm, além dos dois empreendedores”, o CEO Silvio Stagni disse ao Brazil Journal.
Fundada em 2013 por Bruno Fuschi e Eric Fuzitani, a BR Used vende cerca de 5 mil celulares/ano das marcas Apple, Samsung e Motorola. A empresa opera com um ecommerce próprio e um quiosque em São Paulo.
A BR Used tem sinergias óbvias com a Allied.
Além de seu negócio de distribuição, que responde por 65% da receita, a Allied tem uma operação de varejo na qual faz a gestão de 160 lojas da Samsung e de outras 116 ‘store-in-store’ de eletrônicos dentro de varejistas como Sam’s Club e Marabraz.
Essa operação de varejo é uma fonte de captação de celulares usados. Até agora, quando um consumidor devolvia um celular ou usava seu smartphone usado na compra de um novo na loja Samsung, a Allied pegava esse produto, recondicionava e depois vendia para algum canal especializado (lojas como a própria BR Used ou uma Sou Barato).
“Mas essa operação tinha margem negativa… era basicamente uma solução de problema, nunca foi um business,” disse o CEO. A ideia agora é transformar a operação de recondicionados numa “vertical de negócios, onde esperamos ter lucro.”
A Allied está botando um pé num mercado com uma tendência secular de crescimento. Além de ir ao encontro das teses de sustentabilidade e economia circular, que ganharam importância nos últimos anos, o mercado de recondicionados ainda é embrionário no Brasil.
Para se ter uma ideia, ele representa apenas 7% dos 48 milhões de celulares vendidos todos os anos no País, em comparação a 23% nos Estados Unidos.
“Se você pensar que um iPhone é muito mais caro para um brasileiro do que para um americano, a perspectiva é que o mercado de usados seja ainda mais relevante,” disse Stagni.
O investimento em recondicionados é um dos três drivers de crescimento que a Allied vendeu aos investidores durante o IPO. Os outros dois são os mercados de distribuição corporativa — por exemplo, vender computadores diretamente para uma P&G ou Ambev — e de marcas próprias.
Silvio disse que a Allied quer montar uma base na Ásia — provavelmente na China — e começar a desenvolver produtos com marca própria em segmentos que não competem com o portfólio de seus fornecedores.
“Poderíamos, por exemplo, criar uma marca de aspirador-robô, que foi um produto que bombou nos últimos meses, ou de aparelhos para a casa conectada.”