A Alliar acaba de divulgar o melhor trimestre de sua história — um resultado que marca a volta do crescimento orgânico à rede de laboratórios depois de anos com sua ação patinando na Bolsa.

11365 8f272185 2b70 8d9d 0277 712b7b65c42bNo quatro trimestre, a Alliar faturou R$ 315 milhões, uma alta de 11,5%, e teve um lucro líquido recorde de R$ 12,7 milhões. Apesar do avanço, a empresa ainda fechou com queda na receita e prejuízo no consolidado do ano — impactada pelos efeitos da covid, que fez o consumidor adiar exames menos urgentes. 

Os números são o primeiro ano fechado desde que o CEO Sami Foguel assumiu o comando em dezembro de 2019. Foguel disse ao Brazil Journal que a tendência do primeiro trimestre deste ano continua positiva, com números em linha com o quarto tri.  

Em dezembro, a companhia anunciou um plano para dobrar de tamanho nos próximos três a cinco anos.

A estratégia é baseada na diversificação das fontes de receita da Alliar, até hoje muito dependente de seu negócio core: os contratos com as operadoras de planos de saúde.

A empresa quer reduzir esse negócio de 80% do faturamento para cerca de 50% com o crescimento de outras verticais.

Uma delas é o iDr, uma healthtech que conecta o sistema da Alliar ao hardware de exame de clínicas no interior. O sistema permite que um operador da Alliar comande os exames de forma remota e que seus médicos façam o laudo de forma digital. 

O iDr está ganhando tração depois de passar dois anos praticamente estagnado. No quarto trimestre, a receita subiu 77%. 

Outra vertical de crescimento é o Cartão Aliança, uma assinatura mensal voltada ao público sem acesso a planos de saúde.

O Cartão — que custa R$ 19,90 e pode incluir até quatro dependentes — dá descontos em consultas, exames, farmácias e academias e já tem 135 mil vidas.  Além de trazer uma receita recorrente, o Cartão permitirá reduzir a capacidade ociosa das 120 clínicas da Alliar, muitas das quais estão sendo adaptadas para ter também consultórios médicos. 

A terceira vertical são as parcerias público-privadas (PPP). Nessa frente, a Alliar opera a área de exames de imagem de 11 hospitais do SUS na Bahia em sociedade com a Phillips (a Alliar tem 81% do negócio; a Phillips, o restante). 

Segundo Foguel, a Alliar está em conversas com outros governos para fechar novos contratos. Nos contratos de PPP, a Alliar busca uma taxa interna de retorno (TIR) de 10% a 12% ao ano.

Tentando reanimar sua estória no mercado de capitais, a companhia recentemente contratou Gabriel Rozenberg, que era gerente de RI da Raia Drogasil. Esta semana, a Alliar também anunciou Karla Dolabella, ex-Opty e EY, como a nova CFO. 

A Alliar vale R$ 1 bilhão na B3 e negocia a um múltiplo EV/EBITDA de cerca de 5x — um desconto significativo em relação a Hermes Pardini e Fleury, que negociam na faixa de 10x o EBITDA estimado para este ano. 

O Pátria tem 25% da Alliar; as famílias fundadoras do CdB tem 31%; os fundadores de outras clínicas adquiridas, 14%; e o ‘free float’ gira em torno de 30%.