Um grupo de empresários, médicos e executivos do setor de saúde acaba de colocar de pé um fundo de R$ 100 milhões para investir apenas em healthtechs — um nicho que explodiu no Brasil nos últimos anos mas ainda não contava com um VC setorial. 

A nova gestora — batizada de Aggir Ventures — é liderada por Nádia Armelin, uma ex-executiva da Oxiteno e da Dow Chemical, e Renato Ferreira, um advogado com background em M&A e venture capital. 

11665 4eae700a fe5e 0c15 14ee b10300e3cfffAlém dos gestores, o comitê de investimentos inclui Romeu Côrtes Domingues, o co-chairman da Dasa; Marcelo Saad, sócio da Laplace Finanças; Roberto Botelho, o médico que foi pioneiro na telemedicina no Brasil; e Sidney Breyer, o empreendedor e investidor de VC. 

A ideia do fundo é investir em cerca de 15 startups com cheques entre R$ 3 milhões e R$ 7 milhões cada, com metade do capital reservada para follow-ons. 

“Saúde é um negócio muito técnico e com questões regulatórias complexas,” Romeu disse ao Brazil Journal. “O mercado de healthtech está crescendo muito, mas vimos que essas startups precisam de mais ajuda, principalmente nos estágios iniciais de seed e Series A.”

O grupo de investidores da Aggir inclui de acadêmicos renomados a fundadores de startups como a iClinic, Jaleco e Conexa, passando por executivos e empresários do setor. 

Essa base de investidores deve contribuir tanto na análise das startups quanto no pós-investimento. 

“São pessoas com um expertise muito grande em várias áreas do setor de saúde. Quando estamos validando um investimento podemos acessar essa nossa rede e apresentar para vários especialistas,” disse Nadia. 

A Aggir está replicando no Brasil um modelo adotado por fundos como o Qure, de Israel, o iGan Partners, do Canadá, e o Quan Capital, da China — que também investem apenas em healthtechs e têm boa parte de seu passivo com gente do setor. 

Apesar de focar em saúde, a tese de investimentos da Aggir é um pouco mais restrita. Ela quer startups que operem apenas no B2B em seis segmentos prioritários: doenças crônicas, senior care, virtual care, saúde feminina, saúde ocupacional e gestão/inteligência artificial. 

O primeiro investimento acaba de sair do papel. 

A Aggir liderou uma rodada na UpFlux, uma empresa de software as a service (SaaS) especializada em process mining, uma técnica que mescla machine learning com mineração de dados para melhorar processos reais dentro das empresas. 

A UpFlux se integra ao software de ERP de hospitais, laboratórios e clínicas e ajuda essas companhias a mapear todo seu fluxo de processos — do contas a pagar até a gestão do estoque. 

O algoritmo da UpFlux compara a forma como esses processos estão sendo feitos com os modelos de referência que a startup construiu — indicando onde o cliente pode melhorar. 

A tecnologia começou a ser construída há mais de cinco anos e já tem uma base robusta de dados que dão suporte às indicações. Com o tempo, a expectativa é que esse sistema fique cada vez mais poderoso, já que ele melhora na medida em que é usado. 

“O algoritmo vê, por exemplo, se o hospital está envolvendo mais gente do que o necessário para fazer os pagamentos e se está pagando os fornecedores em mais tempo,” disse Nadia. “Se identificar problemas no fluxo, ele dá sugestões de como melhorar esses processos, gerando eficiência.”

A UpFlux já atende mais de 50 clientes, incluindo a Dasa e diversas Unimeds. 

O grande benchmark da startup é a Celonis, uma empresa alemã avaliada em US$ 11 bilhão num Series D co-liderado pela Durable Capital e T. Rowe Price.