A Advolve.ai — uma startup que está usando inteligência artificial para automatizar o marketing de performance — acaba de levantar uma rodada que contou com a participação da Prosus Ventures, o braço de venture capital da Prosus, a dona do iFood.

O investimento é o primeiro seed da Prosus Ventures na América Latina. A Prosus, comandada por Fabricio Bloisi, vale pouco mais de US$ 100 bilhões na Bolsa de Amsterdã.

A rodada seed de US$ 5 milhões foi liderada pela Canary e também teve a participação da Valor Capital, Valutia e Scale Up Ventures, o fundo da Endeavor. 

Os recursos vão acelerar a expansão da startup — cuja meta é crescer 10x este ano, para uma receita de US$ 5 milhões — incluindo o início de um processo de internacionalização. 

Fundada há menos de um ano e meio, a Advolve já atende gigantes como o próprio iFood e a Cogna Educação. A startup tem 8 clientes em operação e outros 20 em fase de teste e implementação. 

A Advolve substitui o trabalho das agências de performance: ela cria os anúncios das campanhas, faz as veiculações nas diferentes plataformas e metrifica o resultado de cada peça, além de ajustar as campanhas com base nesses resultados. 

“Quando fazemos o onboarding do cliente, nos conectamos com o CRM dele, com as plataformas de atribuição e de anúncios e com tudo que fizer sentido em relação ao marketing,” o fundador João Sobreira disse ao Brazil Journal

Joao Sobreira ok

“Com isso, treinamos os nossos modelos usando como base o histórico do cliente e levando em conta o branding book de cada um. Depois desse treinamento, já temos insumos para começar a operar.”

Segundo João, a Advolve opera com microtesting: com base no que o cliente já fez no passado, a plataforma faz milhares de testes de novas hipóteses por dia. 

“A máquina vai testando infinitamente, mudando o estilo e a cor dos criativos, fazendo campanhas em novas plataformas, e por aí vai,” disse ele. 

No processo, o cliente também pode guiar a máquina por meio de uma interface conversacional — explicando, por exemplo, os objetivos com cada campanha, ou tirando dúvidas. “Ele pode dizer, por exemplo, que quer crescer 10% as vendas no Nordeste. Ou perguntar qual está sendo o retorno das campanhas em Goiás.” 

Os clientes também podem optar por aprovar todos os criativos antes deles entrarem no ar.

João disse que o marketing de performance é um negócio que sempre deveria ter sido operado por máquinas, porque elas têm uma capacidade muito maior de testar as milhares de hipóteses e analisar os resultados de campanhas. 

“As pessoas não conseguem criar 2 mil criativos diferentes por dia, ou acompanhar quanto cada anúncio específico está desempenhando,” disse ele. “Com a máquina, é possível operar tudo ao mesmo tempo em todos os momentos.”

Joao Paulo Martins ok

Esse tipo de tecnologia, no entanto, só foi possível com o advento da inteligência artificial generativa, que permitiu, entre outras coisas, a criação de textos e imagens com a IA.

Apesar de estar operando há pouco tempo, a Advolve diz já ter gerado resultados relevantes para os clientes.

Segundo o fundador, há casos em que o cliente aumentou seu retorno sobre o valor investido em até 50% depois que começou a usar a plataforma nas campanhas. 

Outro benefício é o aumento da escala. 

“Atendemos só entreprise, empresas que investem pelo menos R$ 2 milhões por ano em anúncios. Essas empresas não têm um problema só de resultado, mas de escala. Elas querem investir mais, mas como estão concentradas em poucas plataformas [Google e Meta], quando tentam aumentar o investimento o ROIC delas cai. A gente consegue aumentar os investimentos, mantendo o mesmo resultado ou até aumentando.”

Há ainda um ganho de eficiência operacional. Com a Advolve, as empresas que operam com agências conseguem cancelar esses contratos, e as que operam com times internos conseguem reduzir em até 90% suas equipes, segundo a estimativa da startup.

João fundou a Advolve com seu sócio, João Paulo Martins – um especialista em inteligência artificial e machine learning – depois de ter feito carreira com growth e aquisição de clientes. 

O empreendedor foi jogador profissional de League of Legends na juventude e aos 15 anos fundou seu primeiro negócio: uma agência que atendia times de e-sports.

Cinco anos depois, em 2020, vendeu essa agência para outra, de marketing esportivo (que acabou dando origem à Final Level), e fundou a Tips Space, que permite que jogadores de videogame disputem partidas online apostando dinheiro entre eles.