A Actis e o GIC acabam de anunciar uma oferta pública para fechar o capital da Serena Energia — oferecendo R$ 11,74 por ação pela geradora de energia renovável.
O CEO e fundador da empresa, Antonio Bastos, também participará da oferta, entrando num veículo criado pela Actis e o GIC, e vai continuar à frente da companhia.
A OPA de fechamento de capital vem depois de meses de especulação sobre um movimento do tipo na Serena, o que fez o papel dobrar de valor desde o início do ano, saindo de R$ 5,30 para os R$ 10,66 de agora.
Ontem, a ação subiu mais 6,7%.
Com o mercado já capturando o movimento na frente, o preço da OPA é um prêmio de apenas 10% em relação ao fechamento de ontem. Esse preço será corrigido pelo CDI até a liquidação da operação, e o acordo inclui ainda um earnout. Em relação a média dos últimos 30 pregões, o prêmio é de 24,6%.
Não está clara a participação que cada um dos investidores (Actis, GIC e Bastos) terá após a transação.
A Actis hoje já é a maior acionista da Serena, com 26,8% do capital.
A gestora fez sua primeira compra em 2022, adquirindo 12% do capital a R$ 12,73 por ação num block trade, uma posição de R$ 900 milhões. Meses depois, como parte de um acordo para ingressar no bloco de controle, fez um aumento de capital de R$ 850 milhões a R$ 16/ação — um prêmio de 60% sobre o preço de tela da época.
Depois disso, a gestora parou: na oferta secundária que a Tarpon fez em meados do ano passado, a Actis não foi compradora. (A gestora foi comprada pela General Atlantic no ano passado, mas continua sendo operada pelo time original.)
Outros grandes acionistas da Serena são a Tarpon, que ainda tem 20% do capital; o CEO Antonio Bastos, que tem 12,3% por meio de alguns veículos; e a Sharp Capital, com 5%.
Uma fonte próxima das negociações disse ao Brazil Journal que a Tarpon já aceitou vender sua participação nos termos propostos. Os demais acionistas votarão na oferta numa assembleia que ainda será marcada.
A transação de hoje começou a ser desenhada há cerca de dois meses, mas a Serena já vinha discutindo com a Actis a possibilidade de fechar o capital da empresa desde o início do ano passado.
A operação vem num momento em que a Serena busca reduzir sua alavancagem, que chegou a bater em 7x EBITDA em 2023 e fechou o ano passado em 4,5x. A meta é levar o indicador para 3,5x.
Um dos caminhos que a companhia vinha trabalhando era a venda de sua operação nos Estados Unidos — o complexo de geração eólica Goodnight, localizado no Texas.
Em novembro passado, a companhia ficou muito perto de fechar uma operação de venda de uma participação minoritária no complexo, mas o investidor acabou dando para trás.
Mais recentemente, a Serena contratou a Marathon – uma boutique americana de M&A especializada em energia limpa — e fez um roadshow no exterior falando com players estratégicos (utilities), fundos de pensão e fundos focados em energia.
O BTG Pactual foi o assessor financeiro da operação.