O Itaú BBA reiniciou sua cobertura do Inter após a listagem na Nasdaq com recomendação de ‘outperform’ e um preço-alvo de US$ 8 para o final deste ano, um upside de 2,7x em relação ao preço de tela. 

O analista Pedro Leduc disse que vê “um potencial reprimido para um lucro significativo no ano que vem.”

Leduc estima que o Inter terá um lucro de R$ 653 milhões em 2023, o que implica um ROE “decente” de 8% e um múltiplo de 9x lucro.  

Para este ano, o Itaú projeta um lucro perto de R$ 200 mi, com um ROE de apenas 2%. 

“Acreditamos que os esforços do banco para aumentar o NII [o spread bancário, a diferença entre a receita que o banco tem com juros e o custo dos seus depósitos] e reduzir seu risco de crédito e seus custos vão finalmente começar a render lucros melhores no quatro trimestre e ao longo de 2023,” escreveu o analista. 

O analista ainda espera um segundo e terceiro trimestres fracos, afetados pela inadimplência. (A economia piorou justamente quando o Inter abriu a torneira de crédito na segunda metade do ano passado.)

O Inter vem acelerando seu portfólio de cartão de crédito, que chegou a 26% da base, e aumentando gradativamente as taxas de juros de seus produtos e o take rate do marketplace. 

Além disso, “o SG&A deve continuar se diluindo, com esforços maiores do banco em UX e menos em [aquisição de] novos clientes e produtos.”

Em outras palavras: o Inter hoje está mais focado em monetizar sua base do que em atrair novos clientes.

O Itaú nota que os bancos digitais têm enfrentado um cenário macro desafiador tanto para funding quanto para a qualidade de crédito, mas “achamos que o Inter vai ser um dos vencedores nessa corrida graças a uma marca já bem estabelecida, um portfólio mais avançado de multi-serviços e crédito e uma base significativa de clientes,” escreveu Leduc.

Com o Inter negociando a 0,8x seu valor patrimonial e uma base de 18,6 milhões de clientes, o analista também ressalta a opcionalidade de um M&A dado o valor estratégico do banco.

Para ele, o Inter pode usar sua liquidez abundante para adquirir empresas que lhe tragam outras funcionalidades – ou se tornar o alvo de bancos de varejo globais interessados em entrar no Brasil, bem como de players locais.  

O Inter vale US$ 1,16 bilhão na Nasdaq. O papel sobe 6,5% no meio do pregão, depois do relatório. 

O BDR do banco (INBR31) sai a R$ 16 – o equivalente a R$ 8 para a antiga unit (BIDI11), que no high negociou a R$ 86.