A Nvidia, a mais valiosa empresa de semicondutores no mundo e responsável pelos processadores que fazem funcionar o sistema nervoso do ChatGPT, acaba de divulgar resultados trimestrais bem acima dos estimados pelo mercado.

As ações da companhia explodiram 27% no after market.

boopo jensen huangA empresa reportou um faturamento de US$ 7,19 bilhões, ante um consenso de mercado de US$ 6,52 bilhões, e informou guidance de US$ 11 bilhões para o segundo tri, um recorde.

O lucro por ação ficou em US$ 1,09, mais de 18% acima da expectativa de US$ 0,92.

As vendas foram impulsionadas justamente pela demanda pelos processadores de última geração, os mais utilizados nos sistemas de inteligência artificial generativa.

A Nvidia informou que o desempenho no trimestre foi puxado pela venda de seus chips para companhias de computação em nuvem e grandes empresas provedoras de serviços de internet. O resultado reflete o avanço no investimento em sistemas e serviços de IA.

A ação da empresa mais que dobrou desde o início do ano. O papel era negociado a US$ 143 em janeiro. No after, já sai a US$ 380, sua máxima histórica.

A Nvidia atraiu a atenção de grandes investidores que a colocam como uma das mais aptas a capturar a criação de valor no mercado aberto pela adoção de IA.

Com a alta de agora à noite, o market cap da empresa ultrapassa os US$ 900 bilhões – prestes a se juntar ao seleto clube do trilhão, onde estão a Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon e Tesla. Seria a primeira empresa de chips a ingressar nesse grupo.

Sozinha, a Nvidia vale quase o dobro da soma de outras quatro gigantes americanas na produção de semicondutores. A AMD tem market cap de US$ 175 e a Texas Instruments de US$ 150 bilhões, enquanto a Intel e a Qualcomm têm um valor em torno de US$ 120 bilhões.

Com sede em Santa Clara, no coração do Vale do Silício, a Nvidia surgiu há exatas três décadas, em abril de 1993.

Um de seus fundadores foi o engenheiro Jensen Huang, que nasceu em Taiwan mas emigrou com a família para os EUA quando tinha 9 anos. Hoje aos 60, Huang é presidente e CEO da companhia.

“A indústria da informática está passando por duas transições simultâneas – computação acelerada e IA generativa,” disse Huang no release de resultados publicado agora há pouco. “A infraestrutura global de data centers vai migrar da computação de uso geral (general purpose, no original em inglês) para a computação acelerada (accelerated computing), com as empresas em uma corrida para aplicar a IA generativa em cada produto, serviço e processo empresarial.”

Ao longo dos anos, a Nvidia trouxe inovações que aprimoraram os recursos de computação gráfica, desenvolvendo arquitetura de processadores, softwares e plataformas de programação que permitem a produção de animações com muito realismo. No princípio, o principal mercado da empresa foi a indústria de games.

A capacidade desenvolvida nas soluções de problemas complexos deu à empresa um papel de liderança na criação de GPUs (graphics processing units), os processadores mais potentes do mercado. As versões mais recentes estão agora no centro nervoso dos modelos de linguagem de grande escala (large language models), como o GPT.

Os resultados acima do esperado da Nvidia vieram mesmo depois de a empresa ter sido obrigada, como todas as outras do setor nos EUA, a deixar de vender seus processadores mais avançados para a China. A sanção, imposta no final do ano passado, faz parte da “chip wars” da Casa Branca contra o regime comunista chinês.

Em uma entrevista do Financial Times publicada hoje, Jensen Huang fez críticas ao embargo americano, dizendo que ele pode causar um “enorme dano” às empresas de tecnologia.

“Se eles não podem comprar dos EUA, eles vão produzir eles mesmos,” afirmou o CEO. “Os EUA precisam tomar cuidado. A China é um mercado muito importante para a indústria de tecnologia.”

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