Não é uma loja para vender smartphones.
O projeto arquitetônico é da dupla Martin Corullon e Gustavo Cedroni, do Metro Arquitetos; a cafeteria é assinada pelo chef franco-brasileiro Patrick Bragato, e, dentro da loja, uma mini Livraria da Vila oferece uma seleção de títulos sobre arte, arquitetura e design. Há ainda uma instalação psicodélica da artista plástica Tina Whitaker, que convida o visitante a se olhar no espelho e refletir sobre o tempo que passa online.
Como eu disse, não é uma loja para vender smartphones. É o contrário.
A nova loja da Vivo na Oscar Freire abre as portas hoje convidando os clientes a viver a vida que existe fora da telinha do celular.
O novo conceito faz parte da estratégia de marketing da gigante espanhola de discutir o uso responsável da tecnologia e o tempo de conexão das pessoas, fomentando as experiências offline.
“Nosso propósito é valorizar as conexões humanas,” disse o CEO da Vivo, Christian Gebara, ao Brazil Journal.
O projeto segue uma tendência já consolidada no mundo da moda, onde nomes como Tiffany, Louis Vuitton, Armani e Prada têm apostado em lojas conceituais com cafés e restaurantes para conectar os valores da marca com o cliente – sem nenhum produto exposto na vitrine, como no varejo tradicional.
A Vivo – que faz a maior parte de sua receita com planos de dados – está apostando que “existe um outro business: criar uma relação do cliente com a loja da Vivo como um ponto de consultoria em tecnologia,” disse Gebara.
A escolha da Oscar Freire como site da nova loja teve a ver com a limitação de espaço das lojas de shopping e o bom desempenho da flagship Casa Vivo, na rua Joaquim Antunes.
Inaugurada em 2023, aquela flagship teve o papel de traduzir o posicionamento de negócio da Vivo como um ecossistema de tecnologia, apresentando os produtos e serviços da marca em uma espécie de “réplica de casa conectada”.
Na loja da Oscar Freire, saem as mesas “transacionais” – em que se vendem produtos – e entra o mobiliário em formato orgânico, inspirado nas curvas do mascote da empresa, o “Vivinho”.
O mobiliário foi desenhado por Martins e Gustavo, que retomam a parceria com a Vivo após assinar o projeto da flagship da Joaquim Antunes e o retrofit do prédio anexo do Masp, o edifício Pietro Maria Bardi.
Para Gebara, a companhia não pode depender apenas da venda de serviços ou da troca de um smartphone para atrair o cliente a um ponto físico. “Eu preciso criar atrativos para que esse cliente volte às lojas,” ele diz.
A Vivo tem 289 lojas próprias e 1.400 pontos de revenda no País. No primeiro semestre, dos R$ 1,7 bilhão em receita, cerca de R$ 200 milhões – ou 12% – vieram de produtos eletrônicos (não celulares), como balanças de bioimpedância, televisores, sensores, aparelhos de som e outros itens de casa conectada comercializados nas lojas físicas.