Quando trabalhava no investment banking da XP, Bruno Rohlfs tomava todo dia uma quantidade “absurda” de café.
Aquilo começou a lhe fazer mal — e sua namorada lhe apresentou o matchá.
“Foi uma mudança enorme na minha qualidade de vida,” Bruno disse ao Brazil Journal. “O matchá é muito saudável porque tem antioxidantes naturais, e não tem o efeito rebote do café.”
Bruno gostou tanto do produto que decidiu transformar o novo hábito num negócio. Largou sua carreira de Faria Lima para criar a Push Matchá, uma marca de matchá vendida no ecommerce, em alguns supermercados e no B2B, para cafeterias e restaurantes.
(Para quem não sabe, o matchá é um extrato em pó do chá verde que é consumido há milênios no Japão. No Ocidente, o produto foi descoberto nas últimas décadas, e virou febre).
No final do ano passado, a startup lançou também uma linha de energéticos naturais à base de matchá — a Pow — que já se tornou maior que o negócio original. Com o lançamento, a startup foi rebatizada como Push & Pow.
“É basicamente um red bull que faz bem,” resumiu Bruno. “É um energético natural, saudável, sem nenhum conservante e zero açúcar. Até o corante faz bem porque é um corante natural, a clorofila, que também ajuda na regulação do intestino.”
No ano passado, sem o energético, a Push & Pow faturou R$ 1,8 milhão. Este ano, a expectativa do fundador é faturar R$ 8 milhões, com o energético respondendo por 65% do top line.
A startup pretende vender 1 milhão de latas do energético até o Réveillon e escalar de forma significativa no ano que vem, chegando à marca de 1 milhão de latinhas por mês. “Com essa escala já teríamos uma capacidade de distribuição relevante e as grandes indústrias começariam a olhar pra gente,” disse o fundador.
Cada lata de 310 ml sai por cerca de R$ 11 no supermercado, de 5% a 10% acima de um Red Bull de 250 ml.
Para bancar sua expansão, a Push & Pow fez uma rodada de R$ 4 milhões liderada pela Moriah Asset – a empresa de investimento de Fabiano Zettel que investiu recentemente na Oakberry – e pelo fundador da rede de açaí, Georgios Frangulis.
A Moriah e Frangulis estão colocando R$ 1,5 milhão cada, e o saldo deve ser investido por uma fabricante de sucos dentro de um acordo mais amplo de distribuição. As negociações com essa fabricante estão na reta final, segundo o fundador.
A startup vai usar os recursos para montar um time comercial parrudo e ter o capital de giro necessário para aumentar a produção.
Hoje a Push & Pow produz 40 mil latas por lote. Agora, vai subir a produção para 500 mil por lote, o que lhe permitirá migrar a produção para as latas impressas, em vez das latas com rótulos de plástico.
“Só isso já vai reduzir pela metade o custo de cada lata e diminuir o custo total de produção em 30%, porque muda o processo e o tipo de fábrica que produz,” disse o fundador. “Não podíamos fazer isso antes porque existe um pedido mínimo para a produção de latas impressas.”
No mercado de energéticos saudáveis, o principal benchmark da Push & Pow é a americana Celsius, que vale US$ 13,4 bilhões na Nasdaq depois de ver seu papel multiplicar 45x nos últimos seis anos.
A Celsius foi fundada há 20 anos como uma empresa tradicional de energéticos, mas fez um shift em seu modelo de negócios em 2018, quando passou a apostar numa bebida saudável e sem açúcar — também à base de matchá.
Em 2022, a Pepsico investiu US$ 550 milhões na companhia como parte de um acordo mais amplo de distribuição.