A Lumx — uma fintech que usa stablecoins para viabilizar transferências e pagamentos cross-border — acaba de levantar uma rodada que vai ser usada basicamente para a obtenção de licenças no Brasil, Estados Unidos e Europa.
A captação, de US$ 3,4 milhões, foi co-liderada por duas gestoras: a brasileira Indicator Capital, que tem focado recentemente em investimentos ligados a blockchain, e a CMT Digital, um fundo global focado em cripto que já investiu na Coinbase e Circle, a criadora da stablecoin USDC.
A rodada também contou com investidores estratégicos como a Nomad e a plataforma de criptos mexicana Bitso, além de investidores-anjo e fundos como a Antler e Honey Island.
A Lumx foi fundada em 2022 por Caio Barbosa, um advogado que fez carreira em startups, e Gabriel Polverelli, um programador autodidata que foi CTO da legaltech Sem Processos.
Mas a startup foi criada com um outro modelo, e só ‘pivotou’ para sua estratégia atual há cerca de um ano.
Inicialmente, ela operava como uma tokenizadora, fornecendo a infraestrutura para que seus clientes pudessem tokenizar ativos. Em 2023, conseguiu atrair o BTG, que investiu US$ 2 milhões, mas “a agenda de tokenização não aconteceu tão rápido quanto o mercado esperava, e o negócio estava andando de lado,” Barbosa, o cofundador, disse ao Brazil Journal.
Ao mesmo tempo, os fundadores começaram a perceber que as stablecoins estavam crescendo muito rápido e o BTG fez uma parceria com a Circle para ser o dealer de USDC no Brasil.
“Vimos que podíamos alavancar isso e ter uma vantagem nesse mercado,” disse Barbosa. “O que criamos é uma plataforma de pagamentos internacionais que viabiliza que empresas incorporem stablecoins em seu fluxo de pagamentos globais.”
A Lumx oferece três produtos. O primeiro é o chamado pay in, que permite que uma empresa de fora do Brasil, por exemplo, receba pagamentos em moeda local. Neste caso, a Lumx recebe o pagamento em real, converte para USDC e transfere a USDC para seu cliente.
O segundo produto é o pay out, que é o fluxo inverso. A Lumx recebe em USDC, converte para a moeda do cliente e transfere o valor para ele.
Por fim, a fintech faz o chamado stablecoin sandwich: quando a empresa não quer receber ou transferir em USDC, mas precisa fazer uma transferência internacional. Nesse caso, em vez de fazer um pagamento internacional usando o SWIFT, a Lumx usa a stablecoin no meio do caminho para viabilizar isso, reduzindo o custo e o tempo de processamento da transação.
A startup também oferece uma carteira digital para que seus clientes possam armazenar as stablecoins, caso queiram ter uma operação de tesouraria em stablecoins.
A Lumx opera tanto no modelo B2B2B, oferecendo a infraestrutura para que instituições financeiras e corretoras ofereçam a solução para seus clientes corporativos, quanto no B2B, atendendo as empresas diretamente.
No total, a Lumx já atende 20 clientes, incluindo a brasileira PinBank e a Sphere (que é focada nos EUA e Europa e entrou no Brasil agora com a Lumx) e a YellowCard (a maior empresa de pagamentos cross-border da África, que também entrou agora na América Latina).
Barbosa disse que a fintech transacionou cerca de R$ 1 bilhão este ano. A receita é uma comissão em cima desse valor que varia de 0,1% a 0,4%. Considerando um valor médio de 0,25% a startup teria uma receita de R$ 2,5 milhões.
Os recursos da rodada de hoje vão ser usados principalmente para arcar com o capital necessário para algumas licenças que a Lumx precisa tirar no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa.
Barbosa explica que a indústria de blockchain e criptoativos vai passar a ser regulada a partir do ano que vem e que, para operar nesse mercado, será necessário tirar licenças que vão demandar de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões de capital.
A startup também está no processo de obter uma licença de MSB (money service business) nos Estados Unidos, e também estuda a licença de prestadora de serviços de ativos digitais (VASP) — a mesma que vai tirar no Brasil — na Europa e na Argentina.
Apesar de usar uma tecnologia diferente (as stablecoins), a operação da Lumx compete com startups como o Ebanx e Dlocal, já que assim como essas empresas ela dá acesso a trilhos locais de pagamento para empresas conseguirem operar em mercados onde elas não estão, sem precisar abrir um CNPJ em cada país. Para as empresas, há um benefício fiscal de operar com a Lumx: a isenção do IOF em suas transações.