A Vivara conseguiu um ganho substancial de margem bruta no quarto tri, basicamente como resultado da expansão da Life, a marca de produtos de prata que tem sido o foco da expansão do grupo.
A Life – cuja margem bruta é cerca de 10 pontos percentuais acima da Vivara – passou a representar 37,7% da receita da companhia no final de dezembro, em comparação aos 32,1% de um ano atrás.
Esse aumento, por sua vez, deu um impulso à margem bruta, que saltou 2,7 pontos percentuais para 70,8%.
O CEO Paulo Kruglensky disse ao Brazil Journal que a companhia cresceu “sem dependência de descontos.”
“Foi um ano de colheita dos investimentos que fizemos na empresa, na infraestrutura, no backoffice e no front e trazendo as pessoas necessárias para tocar o negócio.”
A receita líquida subiu 17,2% para R$ 644 milhões no tri, com a Vivara ganhando 0,5 ponto de share para 17,4%.
O EBITDA ajustado ficou em R$ 178 milhões, com uma margem de 27,6%, e o lucro líquido atingiu R$ 157 milhões, uma alta de 24%.
Os números – os maiores da história da empresa para um trimestre – vieram basicamente em linha com as projeções do sellside, que já esperava um resultado forte.
A Vivara abriu 53 novas lojas ano passado, 39 da marca Life. Para este ano, o plano é manter o ritmo e continuar focando na marca de prata, cujo posicionamento no mercado de presenteáveis é ajudado pelo price point e a imagem de marca jovem.
Além disso, “os produtos de prata tem uma rentabilidade maior que os de ouro, o que faz com que o retorno do investimento das lojas seja muito superior ao da Vivara,” disse o CEO. “Com os juros onde estão, temos mais conforto de apostar nela.”
Com as aberturas do ano, a Life já se tornou a segunda maior joalheria do Brasil, atrás apenas da própria Vivara. A terceira maior é a Pandora, seguida pela Monte Carlo.
A Vivara tem 336 pontos de venda, dos quais 243 são da Vivara, 72 da Life e 21 quiosques.
Como a Life deve continuar ganhando share na receita da empresa ao longo deste ano, o CFO Otávio Lyra disse que a tendência é que a margem bruta continue crescendo.
O bom resultado vem num momento em que o setor de joalherias sofre com as altas do ouro e do dólar, o que tem afetado principalmente as pequenas e médias empresas do setor.
“O preço do ouro custa 2x mais hoje do que há três anos, e essa realidade onera muito. O custo de recomposição do estoque dobrou, e repassar custo acontece, mas você tem a elasticidade de volume,” disse o CFO. “Além disso, muitas pequenas joalherias perderam vendas em 2020 e 2021 porque não estavam preparadas para ir para o digital.”
Esse cenário tem permitido à Vivara ganhar share consistentemente.
Sobre a dinâmica de custos do setor, o CFO disse que, depois de explodir em 2021, o preço do ouro cedeu um pouco e passou a operar com certa estabilidade, flutuando entre R$ 285 e R$ 315 o grama – “um patamar mais próximo” do custo da Vivara, que tipicamente opera com estoque de um ano.
Na prática, isso significa que os aumentos de custos demoram de 10 a 12 meses para atingir a companhia. “Nesse período, a gente consegue repassar preço ou fazer mudanças na fábrica para aumentar a eficiência operacional.”
A Vivara está com uma estrutura de capital redonda – um privilégio para uma varejista no cenário atual. A companhia tem caixa líquido de R$ 157 milhões (R$ 382 milhões em caixa para uma dívida bruta de R$ 225 milhões).