A Horuss AI — uma startup que está usando dados e inteligência artificial para melhorar a eficiência dos planos de saúde — acaba de levantar sua primeira rodada de capital, colocando R$ 17 milhões no caixa e pavimentando sua expansão para outros segmentos. 

A captação foi liderada pela Headline Ventures, a gestora de venture capital de Romero Rodrigues, o fundador do Buscapé.

Fundada há um ano, a Horuss nasceu da cabeça de Joel Rennó Jr., que foi CEO da Memed e CFO da OLX Brasil e do Hurb, e de dois médicos, Pedro Batista e Rafael Canineu.

O setor de saúde é um dos mais complexos da economia, dado o desalinhamento entre as fontes pagadoras (os planos de saúde) e os provedores (os hospitais e clínicas), o que se reflete em custos que sobem consistentemente acima da inflação.

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“Se não houver uma mudança estrutural, o setor de saúde vai chegar a um colapso,” Joel disse ao Brazil Journal. “E a causa-raiz de todo o problema é a subutilização dos dados de saúde em larga escala, sejam os administrativos, financeiros ou clínicos.”

Foi com este diagnóstico que Joel decidiu fundar a Horuss AI, que atua justamente na estruturação desses dados para gerar insights e economias de custo para os participantes do setor. 

A Horuss começou atendendo os planos de saúde, ajudando a reduzir desperdícios, fraudes e abusos; e usando inteligência artificial e machine learning para agir de forma preventiva, reduzindo os sinistros e melhorando o desfecho médico. 

Joel dá o exemplo de uma operadora para qual a Horuss conseguiu identificar R$ 1,7 milhão em fraudes e abusos, que poderão ser economizados ao longo dos próximos 12 meses. 

“São abusos, por exemplo, no uso e cobrança de medicamentos de alto custo, no reembolso por serviços que não foram prestados e fraudes em contas médicas incoerentes, com hospitais e médicos cobrando mais do que realizaram de fato,” disse o fundador. 

Para outro cliente, a Horuss gerou economias de R$ 3,5 milhões evitando desperdícios na jornada. 

Há ainda um cliente que está usando a solução de AI da companhia, batizada de Horuss AI Score. 

“Esse módulo do software permite estratificar a população da carteira em riscos específicos, permitindo que os cuidados sejam direcionados para a safra correta,” disse Joel. “Se identificamos pacientes que têm risco de desenvolver doenças coronarianas, porque não chamá-los para um check-up em vez de esperar acontecer alguma emergência? O custo é muito menor.”

Com a rodada, a startup quer continuar penetrando os planos de saúde, mas também pretende lançar em breve uma solução voltada para as empresas (que são clientes das operadoras). 

Romero, da Headline, disse que um dos diferenciais da Horuss é que ela é uma plataforma one-stop shop.

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“As soluções que existem hoje atacam só um pedaço das dores do setor: ou os abusos e fraudes, ou os desperdícios, ou a prevenção. Mas não tem nenhuma que oferece uma solução completa como a da Horuss,” disse o gestor. “Tem empresas que dizem que fazem health analytics, mas que são apenas empresas de BI, de dashboards, com dados incorretos e desatualizados, e sem nenhum tipo de inteligência e motor de insights por trás.”

Romero disse ainda que outro fator que o fez investir na Horuss foi a qualidade do time, com fundadores com experiência no setor e em tecnologia, e o tamanho do mercado, que responde por 10% do PIB e cresce a um ritmo acelerado. 

“Temos como norte sempre investir quando vemos fit de produto e mercado. E a Horuss conseguiu comprovar isso muito rápido. O ciclo de venda em saúde não é rápido, mas eles já mostraram números positivos em pouco tempo.”

A Horuss opera num mercado que já criou unicórnios fora do Brasil. 

Segundo Joel, os principais benchmarks da empresa são as americanas Cotiviti, avaliada em US$ 11 bilhões em sua última rodada; a Clarify, que vale US$ 1,5 bilhão; e a Innovaccer, que vale US$ 3,5 bilhões.