O Pátria anunciou hoje sua entrada no segmento do atacarejo ao comprar a operação da rede baiana Atakarejo.

A gestora não revelou os termos da operação, mas no mercado se estima um valor de cerca de R$ 700 milhões por 56% do negócio.

Fundado pelo empresário Teobaldo Costa em 1994, o Atakarejo hoje tem 28 lojas. A rede faturou R$ 3,7 bilhões no ano passado, segundo ranking da Associação Brasileira de Supermercados.

Costa permanecerá com 44% da operação e também no comando da empresa, mas o Pátria pretende criar uma holding acima da varejista para intensificar sua expansão no atacarejo.

O comando da holding ficará com Sílvio Pedra, que já liderou a operação brasileira da rede chilena Cencosud.

“Enquanto o Teobaldo seguirá como a figura-chave para o Atakarejo, o Sílvio terá o papel de levar a tese adiante, além de trazer as melhores práticas para aumentar as sinergias da expansão,” disse Luiz Cruz, sócio do Pátria, ao Brazil Journal.

Segundo Luiz, o crescimento do Atakarejo será principalmente orgânico. A meta é abrir 50 lojas nos próximos cinco anos, praticamente triplicando o tamanho da rede.

O foco será no estado da Bahia, e o Pátria enxerga a possibilidade de expandir o negócio para os estados vizinhos do Nordeste. Por ora, no entanto, não há a intenção de partir para uma disputa aberta com o Grupo Mateus, que tem presença forte no Maranhão e no Piauí e está crescendo agressivamente no Nordeste.

Marcos Ambrosano, o operating partner do Pátria no varejo, disse que o investimento no Atakarejo não se confunde com o negócio que o Pátria montou em supermercados.

Em 2021, a gestora comprou as redes Super Pão, do Paraná, e Boa Supermercados, no interior de São Paulo. No ano passado, adquiriu a rede Avenida, presente na região de Assis.

Com essas e outras aquisições menores em Santa Catarina, a holding de supermercados – batizada de Plurix – já fatura R$ 3,9 bilhões. Jorge Faiçal, um ex-CEO do GPA, assumiu o comando da operação em agosto.

“No passado, grandes redes olharam para regiões e segmentos diversos de maneira única, mas hoje é consenso de que eles precisam ter tratamentos diferentes,” disse Ambrosano.

A operação mal-sucedida do Walmart no Brasil é um desses exemplos negativos: a empresa americana fez compras em série, mas jamais conseguiu entregar resultados e integrar as redes.

O final é conhecido: em 2018, a rede vendeu 80% do negócio no Brasil para a Advent por R$ 2 bilhões. Três anos e uma grande reestruturação depois, a Advent repassou o ativo para o Carrefour por R$ 7,5 bilhões.

A entrada do Pátria no atacarejo acontece num momento em que as principais empresas do setor sofrem na Bolsa por estarem alavancadas e com margens mais apertadas.

Nos últimos 12 meses, o Carrefour, dono do Atacadão, e o Assaí caem 57% e 36%, respectivamente.

Há também dúvidas sobre até que ponto o crescimento acelerado deve continuar nos próximos anos. Segundo um relatório recente do Itaú BBA, mantendo-se o ritmo atual, o atacarejo deve ter apenas mais três anos de novas aberturas.

O Pátria, no entanto, acredita que “o segmento do atacarejo é o que vem apresentando maior crescimento e isso deve continuar por alguns vários anos,” disse Luiz.