Quando a maré sobe, todos os barcos se levantam – mesmo os que têm rachaduras no casco.
A Cisco que o diga. A ação da empresa sobe 31% no ano, comparado aos 18% do Nasdaq 100, e está próxima de voltar à sua máxima histórica. Atingida quando mesmo? Em março de 2000, às vésperas do estouro da bolha da internet.
O papel chegou a trocar de mãos por US$ 10 em 2002 – seu ponto mais baixo em 25 anos – num tombo épico de 88% em relação ao pico de US$ 82.
Depois de divulgar resultados no trimestre acima das estimativas, o papel subiu 4,6% ontem para US$ 77. A alta foi na contramão do Nasdaq, que recuou 2,3%.
A empresa se readaptou – e renasceu.
Mas a explicação para a empinada recente é a fúria do boom de investimento na infraestrutura de inteligência artificial.
A empresa californiana, até hoje umas das principais fornecedoras globais de equipamentos e infraestrutura para telecomunicações e internet, viu suas vendas pularem com a demanda por renovação de redes, tendo em vista a necessidade de adequação às cargas mais pesadas de informação utilizadas pelos sistemas de AI.
A Cisco reportou um faturamento de US$ 14,88 bilhões no trimestre, ante uma expectativa de US$ 14,78 bilhões, de acordo com a compilação da FactSet. O destaque foram as vendas do segmento de networking, que atingiram US$ 7,8 bilhões, batendo o consenso de US$ 7,45 bi.
“A demanda por nossas tecnologias destaca o papel crucial das redes seguras e o valor de nosso portfólio, à medida que os clientes se movem rapidamente para desbloquear o potencial da AI,” disse o CEO Chuck Robbins no release de resultados.
Segundo a Barron’s, o analista Ben Reitzes, da Melius Research, elevou seu alvo para o papel de US$ 84 para US$ 100 após a divulgação do tri.
O analista disse que “networking é um play em fibra e silício” – duas áreas em alta com os mega investimentos anunciados pelas Big Techs. “Acreditamos que esse ímpeto pode continuar, já que esse setor tem uma clara tendência secular favorável,” escreveu.
O analista David Vogt, do UBS, elevou seu preço-alvo de US$ 88 para US$ 90, mantendo a recomendação de compra “após a combinação de sólidos resultados do primeiro trimestre fiscal, impulsionados por fortes pedidos, uma previsão para o segundo trimestre fiscal melhor do que o esperado e uma revisão para cima das projeções de receita e lucro por ação para o ano fiscal de 2026.”
A empresa vem ganhando mercado também com suas soluções de cibersegurança e outros serviços relacionados ao aumento na utilização de computação em nuvem.
A ação da Cisco está sendo negociada a 18,3x o lucro esperado para os próximos 12 meses, ante um múltiplo médio de 14,4x nos últimos cinco anos. O múltiplo do Nasdaq 100 está ao redor de 27x, ligeiramente acima de sua média histórica de 24x.






