Segundo tesoureiros e CFOs ouvidos pelo Brazil Journal, este é o preço médio dos US$ 21,5 bilhões em swaps que o BC vendeu desde o início do ano. Se o real se fortalecer a partir deste nível, quem comprou os swaps nos leilões começará a sangrar e se verá obrigado a ‘stopar’ o prejuízo.
Hoje, a moeda chegou a negociar a R$ 5,01 antes de voltar aos R$ 5,10 e fechar nos R$ 5,06. Como todos os ativos brasileiros continuam melhorando — inclusive o CDS da dívida soberana — o momentum parece estar com o Banco Central.
Segundo um tesoureiro, “isso mostra que os maiores tomadores desses swaps não foram players da economia real, e sim especuladores.”
Diz outro: “O cara que tenta segurar nos R$ 5,10 é o mercado inteiro, é toda venda do BC. Toda ponta compradora tá nessa. Mas se lá fora continuar melhorando assim, ninguém vai conseguir segurar isso não.”
Nos últimos nove dias, o dólar perdeu valor frente a todas as moedas do mundo, exceto a lira turca.
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Enquanto isso, relatos de gente grande que perdeu (muito) com a queda do dólar continuam a inundar o mercado.
“Este dólar fez vítimas no mercado talvez mais do que aquela queda das ações em março,” diz um grande investidor. “Os múltiplos de especulação em câmbio são muito maiores.”
Há inúmeros relatos de clientes ultra high net worth que remeteram dólar a taxas que hoje fazem chorar.
Mas os grandes perdedores são os grandes fundos locais, que estavam comprados no dólar, entre neutros e levemente comprados na Bolsa, e “dados” nos juros (isto é, apostando em mais quedas da Selic). Anedoticamente, cotas de grandes fundos mostram que muitos não performaram bem nos últimos dias, apesar do rali poderoso da Bolsa e da melhora generalizada do ‘kit Brasil’.
Para estes fundos, a última esperança é o Copom, que pode abortar o fortalecimento do real.
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Diz um tesoureiro com 35 anos de mesa: “Quinze dias atrás, todo mundo achava que o câmbio era mais para R$ 6 do que para R$ 5. O que aconteceu? O mundo lá fora melhorou e, no mercado interno, com essa alta do dólar o fluxo positivo de entrada foi US$ 3 bi. Ficou caro para o gringo sair e começou a ficar bom para o exportador brasileiro. Agora, o governo começou a emitir: a Petrobras, a República…. O mercado já está começando a botar no preço essa enxurrada de emissões, esse fluxo que começa a entrar.”
“Daqui pra frente, a pressão psicológica vai ser decisiva. Se romper abaixo de R$ 5, quem tava bonito ‘comprado’ vai começar a queimar o dólar na mão… Vai ter gente se zerando com medo de entregar os ganhos ou perder mais.”