A Birdie – uma startup que usa inteligência artificial para gerar insights de produtos para empresas de bens de consumo – acaba de levantar uma rodada para começar a escalar o seu software.

A startup é dona de uma tecnologia que está tentando substituir o trabalho das empresas de pesquisa de mercado – entrando num território dominado por gigantes como a Nielsen e a Kantar.

11911 39d2e028 451f d6cf 46c5 01c0ee34d969A inteligência artificial da Birdie analisa centenas de fontes de dados diferentes para tirar conclusões relacionadas a produtos – por exemplo, o que as pessoas estão achando de um novo lançamento de uma marca X ou quais as expectativas dos clientes para um produto Y.

A startup acessa desde fontes externas (redes sociais; comentários no e-commerce; fóruns de discussão; e sites especializados) até fontes internas das empresas – como as plataformas de customer service, os chatbots e as pesquisas de NPS.

Depois de colher esses milhões de dados, a inteligência artificial da Birdie processa as informações e gera insights para seus clientes.

“A grande dificuldade é que toda essa informação está desestruturada e precisa ser organizada,” Patrícia Osório, a cofundadora, disse ao Brazil Journal. “Para isso, fazemos o que chamamos de ‘knowledge graph’, que é a hierarquização das informações… Quando alguém está falando sobre um celular, nossa IA precisa entender que a tela é uma feature do produto, e que o brilho é um aspecto dessa feature, por exemplo.”

As informações são apresentadas para os clientes numa espécie de dashboard, onde as empresas conseguem ver, por exemplo, a visão geral da satisfação dos clientes com determinado produto e os cinco principais pontos positivos e negativos do lançamento.

As empresas também conseguem aplicar filtros e segmentações e comparar a percepção sobre seu produto com a de produtos concorrentes.

O modelo é de SaaS: as empresas pagam uma assinatura mensal que varia de acordo com os módulos contratados e com o volume de dados processados.

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A rodada de seed money, de US$ 7 milhões, foi coliderada pelo Softbank e pela Illuminate Ventures, uma gestora da Califórnia que investe em startups B2B em early stage.

Também participaram os fundos Fusion, Endeavor Catalyst e a Astella, que já havia dado o cheque para o pre-seed há um ano.

A Birdie foi criada em 2018, mas começou a operar apenas no início do ano passado. Apesar de ser fundada por brasileiros, a startup tem sede nos Estados Unidos, com sua equipe espalhada entre a Flórida e a Califórnia.

Por enquanto, a Birdie atende seis clientes – incluindo a Microsoft, HP e a Midea, a fabricante de eletrodomésticos – e o foco daqui para frente é conquistar as contas de outras grandes multinacionais com sede nos Estados Unidos.

A startup foi concebida por um trio de empreendedores com muito entrosamento: Patricia, Alexandre Hadade e Rodrigo Pantingas trabalham juntos há mais de dez anos. (Eles são sócios da Arizona, uma empresa de produção de conteúdo para grandes anunciantes).

Para completar o time, eles foram atrás “do melhor cara de IA que tivesse no mercado brasileiro,” nas palavras de Patrícia.

Na busca, esbarraram com Everton Cherman, a cabeça por trás do software da Birdie e um prodígio que conquistou seu PhD em machine learning e IA pela USP com apenas 24 anos.

A ideia da Birdie surgiu quando os três começaram a ter um contato mais próximo com os times de produto das empresas que atendiam na Arizona.

“Esses times eram completamente analógicos e estavam investindo bilhões de dólares por ano em pesquisas para entender seu cliente e o fit do produto com o mercado,” disse Patrícia.

Nessas pesquisas, segundo ela, a informação é válida naquele momento, mas um mês depois já pode não ter mais valor nenhum.

“Não faz sentido as empresas trabalharem com uma fotografia perecível, sendo que podemos oferecer para elas um filme, que vai mostrando continuamente o que está acontecendo com seus produtos e com o mercado.”