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A COP30 marcou um ponto de inflexão na participação do setor privado brasileiro na busca por um mundo mais sustentável.
A Itaúsa, maior holding de investimentos do Brasil, trabalhou para ser um ator associativo e gerar valor nessa discussão – e decidiu utilizar sua característica de holding para construir pontes, integrar agentes e impulsionar soluções climáticas capazes de transformar a economia real.
Afinal, a holding – que tem participações relevantes em empresas como Itaú Unibanco, Alpargatas, Dexco, Motiva, Aegea, Copa Energia e NTS – sabe que de nada adianta ter um portfólio robusto se o mundo não caminhar na direção correta.
“Quando pensamos em negócios resilientes para a Itaúsa, pensamos em produtividade e impacto positivo para o clima, a natureza e as pessoas,” disse Marcelo Furtado, o head de sustentabilidade da Itaúsa.
Para isso, a Itaúsa estruturou sua estratégia de participação na COP30 a partir dos seus pilares de atuação em sustentabilidade. O primeiro pilar, denominado Inteligência, orientou a criação de uma frente dedicada a desenvolver métodos baseados na identificação de oportunidades, riscos e na resiliência das companhias do portfólio.
O segundo pilar previa intensificar a atuação do Instituto Itaúsa, criado no fim de 2023. Com o Instituto, a Itaúsa apoiou o processo de transição da economia brasileira para modelos mais produtivos durante o evento – respeitando o clima, a natureza e as pessoas.
O Instituto ampliou a capacidade analítica da holding ao conectar ciência, políticas públicas e iniciativas empresariais, fortalecendo a visão sistêmica que a Itaúsa levou para a COP30.
“Os dois eixos se completam: o que o Instituto pesquisa, a área de inteligência aplica na prática. O que o portfólio demanda, o Instituto aprofunda em conhecimento,” disse Marcelo.
A plataforma Brasil +2ºC ilustra bem esse movimento.
Criada pelo Instituto Itaúsa em parceria com a Lobelia Earth, uma empresa especializada na avaliação e quantificação de riscos climáticos, a plataforma Brasil no Mundo 2C foi lançada durante a COP30 e nasceu de um diagnóstico central: é preciso adaptar a economia brasileira uma realidade com eventos climáticos extremos mais intensos e frequentes.
Ou seja, as empresas e a população brasileira precisam se preparar para operar em condições mais desafiadoras e criar negócios e serviços mais resilientes.
A plataforma mapeia riscos físicos e oportunidades em setores como infraestrutura, logística, agricultura e áreas urbanas, e cria cenários que ajudam empresas e governos a planejar a adaptação, direcionar investimentos e fortalecer suas resiliências. Segundo Marcelo, a ferramenta não é apenas um repositório de dados: ela traduz ciência em recomendações práticas.
A Itaúsa já começou a aplicar esse conhecimento no seu portfólio. A plataforma identificou os riscos que a Dexco corre com enchentes, possíveis interrupções de suprimentos, impactos logísticos e vulnerabilidades territoriais.
“Mapeamos todas as operações, vimos onde há risco, onde há oportunidade, e agora estamos colocando valor financeiro nisso,” disse Marcelo. “A ideia é expandir esse trabalho para todas as investidas em 2026.”
Mas o olhar da Itaúsa não está só para dentro de casa. Muito pelo contrário: uma das maiores apostas da holding foi a C.A.S.E. (Climate Action Solutions & Engagement), uma coalizão inédita entre Itaúsa, Itaú Unibanco, Bradesco, Natura, Nestlé, Vale e Marcopolo.
A iniciativa foi criada para mostrar ao mundo que o Brasil é um país repleto de soluções climáticas em escala e o setor privado nacional esta pronto para responder a este desafio dentro e fora do país.
Ao longo de 2025, a C.A.S.E. promoveu eventos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Londres e Nova York, até chegar à Casa C.A.S.E., em Belém.
Por lá, em sete dias de programação, mais de 100 palestrantes e milhares de visitantes discutiram caminhos com atores da economia real para se chegar aos melhores projetos.
Entre os nomes que passaram pelo espaço estavam a economista Mariana Mazzucato, referência mundial em inovação e economia de missões, e Christiana Figueres, que liderou as Nações Unidas durante a construção do Acordo de Paris; o músico Gilberto Gil, a jovem velejadora Tamara Klink, o Campeão de Alto Nível da COP30 Dan Iochpe, CEOs, e diversos especialistas de sustentabilidade
Segundo Marcelo, a Itaúsa e as demais empresas da C.A.S.E. buscam promover uma ação coordenada, proativa e integrada com a sociedade para viabilizar soluções maduras e escaláveis que contribuam com o futuro do planeta.
As soluções priorizadas pelo grupo – em áreas como agricultura regenerativa, biocombustíveis e restauração – foram entregues à presidência da COP30 em um documento conjunto com outras coalizões empresariais. Essa iniciativa, inclusive, foi apontada pela CEO da COP30, Ana Toni, como um dos destaques do evento.
A participação da Itaúsa não parou por aí. O Instituto Itaúsa também desenvolveu a Cas’Amazônia em Belém, em parceria com o Instituto Arapyaú e a rede Uma Concertação pela Amazônia.
Localizada no centro histórico de Belém, a casa funcionou durante toda a COP30 como um espaço de diálogo multissetorial, mas com participação de cientistas, setor privado, organizações da sociedade civil e formuladores de políticas públicas. .
Foram 32 eventos e mais de 90 palestrantes que discutiram restauração florestal, bioeconomia, adaptação, sistemas alimentares e o papel da região para o clima global.
“A ideia era apresentar a Amazônia como provedora de soluções nas agendas de clima, natureza e pessoas — participando do debate global a partir da experiência concreta dos territórios. Ou seja, não apenas discutir a Amazônia, mas revelar uma Amazônia que oferece caminhos para o mundo”, disse Natália Cerri, gerente do Instituto Itaúsa.
Para completar, a Itaúsa também teve participação na SBCOP, aliança global liderada pela CNI que reuniu mais de 60 federações industriais do mundo – incluindo Estados Unidos, Japão, China e Alemanha.
Com temas como finanças, bioeconomia, soluções baseadas na natureza, entre outras, a iniciativa representou um movimento a da indústria nacional e global para um diálogo mais transversal – incluindo empresas da China, Europa e EUA, mesmo num momento em que a geopolítica mundial está tão desafiadora.
Para a Itaúsa, que investe em setores industriais como construção civil, mobilidade, bens de consumo, saneamento e energia, a SBCOP se tornou uma ponte estratégica. “Essa agenda abriu portas e ampliou nossa capacidade de colaboração e promoção de soluções climáticas,” disse Marcelo.
Mesmo com o fim da COP30 em Belém, o trabalho da Itaúsa vai seguir firme na temática até o fim do período da Presidência do Brasil na conferência em novembro de 2026 . Segundo Marcelo, o foco da holding no ano que vem será a implementação de soluções.
Ao olhar para a trajetória de 50 anos recém-completados da holding, Marcelo sintetizou o momento: “Se você olhar nossa história de 50 anos, dá para ver a transição da economia brasileira. O que fizemos na COP foi seguir na construção dos próximos 50 anos.”






