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O grupo Azzas 2154 nasceu em 2024 com um olhar totalmente voltado para o longo prazo.
Não à toa, a empresa resultante da fusão entre a Arezzo&Co e o Grupo Soma colocou o ano de 2154 em seu nome: a data representa o mantra de longevidade da companhia e a intenção de construir um legado que atravessará gerações.
Mas é necessário que o planeta continue existindo até lá. Por isso, o Azzas 2154 tem como meta impulsionar a moda nacional com a força criativa brasileira sem abrir mão da responsabilidade ambiental, social e ética.
Historicamente, o setor de moda é apontado como um dos principais vilões pela quantidade de resíduos produzidos. Mas a head de sustentabilidade Suelen Joner quer que o Azzas 2154 seja o protagonista de uma mudança de imagem de todo o setor.
“Num setor marcado por desafios sociais e ambientais, o Azzas 2154 tenta mostrar que é possível construir outra narrativa,” disse Suelen. “E estamos trabalhando há anos para mudar esse cenário.”
Durante a COP30, em Belém, o Azzas 2154, parceiro do Sistema B, apresentou seus principais avanços na área e reuniu uma delegação formada por representantes de marcas como Farm, Reserva e Hering.
Um dos projetos apresentados foi o plano de rastreabilidade do couro, que é uma das principais alavancas da estratégia de descarbonização.
Desde 2022, o Azzas 2154 usa blockchain para mapear e criptografar toda a jornada da matéria-prima, da fazenda de cria ao produto final.
A meta para 2025 era atingir 40% de rastreabilidade; em novembro, o grupo já estava em 42%, com escopo ampliado para roupas, além de calçados e bolsas.
Além disso, o trabalho de rastreabilidade sustenta o compromisso internacional que o grupo tem com o Leather Working Group e o WWF – o Deforestation-Free Call to Action for Leather. O Azzas 2154 é a única empresa brasileira de moda signatária do compromisso, que exige critérios rigorosos para aquisição responsável, metas anuais, investimentos e o respeito aos direitos humanos.
“A moda tem o poder de transformar: ela já foi protagonista de vários movimentos sociais ao longo da história. Agora chegou a hora de assumir esse protagonismo também no clima,” disse a head de sustentabilidade.
Mas a rastreabilidade é apenas um dos diversos programas ESG da empresa. O Azzas 2154 deve fechar este ano com a utilização de 100% de energia renovável em suas operações. No ano passado, essa fatia era de 79%.
A companhia também está construindo um inventário completo de emissões consolidado, que servirá de base para atualizar as metas aprovadas pelo SBTi, o selo internacional que diz se as metas de carbono de uma empresa realmente estão em linha com o Acordo de Paris.
Por isso, o Azzas 2154 também desenvolveu uma avaliação robusta de cenários climáticos, com georreferenciamento de lojas, fábricas, fornecedores e franqueados, para mapear riscos físicos, riscos de transição e oportunidades climáticas. Essa análise, segundo Suelen, será a base das estratégias de mitigação e adaptação a partir de 2026.
A circularidade é outro pilar que aparece com força nas iniciativas do grupo.
A Reserva Circular, criada em 2022, já destinou 15 toneladas de resíduos pré-consumo e quase 251 kg de pós-consumo, com 1.000 cobertores produzidos a partir desse material. O objetivo é expandir o programa de logística reversa para 100% das lojas próprias até 2035.
Mas a ideia do Azzas 2154 é ampliar esses projetos para onde está o maior desafio no setor de moda: a cadeia de fornecedores. Segundo Suelen, os fornecedores são responsáveis por 98% das emissões do Azzas 2154.
Por isso, o plano da companhia a partir do ano que vem é integrar todos os projetos de clima e circularidade à cadeia de valor, ampliando parcerias (como a que a empresa tem com o SEBRAE e o projeto SOMAR), para ajudar fornecedores a fazer inventários de emissões, a reduzir consumo de água e energia e incorporar a sustentabilidade como parte do negócio.
“Se queremos chegar ao net zero, temos que levar toda a cadeia conosco. Sozinhos, não chegamos lá”, diz Suelen.
Outros símbolos da agenda socioambiental do Azzas 2154 são os programas Mil Árvores por Dia, Todos os Dias, da Farm, e a World T-Shirt, da Hering.
No caso do programa da Farm, o Azzas 2154 alcançou a marca de 2 milhões de mudas plantadas em todos os biomas brasileiros, em sistemas agroflorestais – recuperando solos, fortalecendo a biodiversidade e gerando renda local.
Já a World T-Shirt é um dos produtos mais icônicos e longevos da Hering e pode ser considerado um dos primeiros exemplos de design sustentável em escala industrial.
Como a peça é construída sem costura lateral é utilizado menos tecido e insumos como água e energia. Para completar, reduz o desperdício: a camiseta consome 33% menos recursos do que um modelo tradicional.
“São cerca de 3,5 milhões de unidades da World T-Shirt produzidas por ano com impacto menor – e ainda com emissões compensadas por plantio de árvores,” disse Suelen.
Durante as discussões em Belém, Suelen destacou também a criação de um novo grupo de trabalho dentro do Sistema B dedicado à moda – uma iniciativa que nasceu no Brasil e que deve ganhar escala global nos próximos meses.
O objetivo, segundo ela, é reunir empresas do setor para desenvolver soluções conjuntas e acelerar práticas mais responsáveis.
Com esses programas, o Azzas 2154 tenta mostrar na COP30 que a moda pode ser mais do que um setor de alto impacto: pode ser um agente de transformação.
“A moda mobiliza milhões de pessoas. Por que não mobilizar para escolhas mais conscientes?,” disse Suelen.
E, quando o horizonte da marca é 2154, o recado fica mais urgente: o momento de agir é agora.






