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Criada há menos de um ano, a Invest RS nasceu com ambições claras: dobrar a taxa de crescimento do PIB gaúcho até 2030 e elevar a produtividade em 20% no período.
O plano pode parecer ousado, mas é totalmente crível na visão de Rafael Prikladnicki, presidente da Invest RS. Segundo ele, o estado tem a combinação certa entre infraestrutura, ativos naturais, capital humano e estratégia para atrair grandes investimentos.
Mas para deixar isso ainda mais evidente para o mercado, o governo do Rio Grande do Sul foi atrás da McKinsey para desenhar o modelo da agência como um ponto de conexão entre o setor privado, o poder público e a sociedade civil. Foi dessa forma que nasceu a Invest RS.
“Não basta apenas dizer que o Rio Grande do Sul tem potencial – precisamos construir as teses de investimento que transformam esse potencial em projetos concretos,” diz Rafael Prikladnicki, presidente da Invest RS.
A agência tem 32 projetos ativos, a partir da operação Invest RS nos seis primeiros meses. São investimentos que somam R$ 5 bilhões e têm a capacidade de gerar quase 4,5 mil empregos.
Mas a Invest RS quer mais. A McKinsey, a mesma consultoria que desenhou o modelo de atuação da Invest RS, identificou 12 setores no contexto da elaboração do Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável. Dentre eles, cinco se destacaram: transição energética, agroindústria, tecnologia, turismo e biocombustíveis.
Na área de agroindústria, a Invest RS tem um plano de aumentar ainda mais a liderança nacional que o Rio Grande do Sul tem em fabricação de máquinas agrícolas.
Segundo a McKinsey, o mercado global de equipamentos agrícolas deve saltar de US$ 115 bilhões no ano passado para US$ 160 bilhões em 2028.
O detalhe: as exportações do Rio Grande do Sul no segmento representam cerca de US$ 550 milhões por ano – ou seja, há um gigantesco espaço a ser conquistado.
“O Rio Grande do Sul é conhecido como polo de inovação, com empresas que operam aqui há mais de duas décadas,” disse Prikladnicki.
Segundo o executivo, o estado pode abocanhar um espaço em dois mercados em polvorosa: os data centers e os semicondutores.
Até 2030, a McKinsey prevê um investimento global de US$ 3 trilhões em data centers, impulsionados principalmente pelo aumento na demanda por inteligência artificial.
E o Rio Grande do Sul quer ser protagonista nesse mundo. Um exemplo é o projeto AI City, que está sendo desenvolvido na cidade de Eldorado do Sul pela Scala Data Centers e que vai ter um investimento inicial de R$ 3 bilhões.
No caso dos semicondutores, o Rio Grande do Sul já tem quatro das nove indústrias de semicondutores do Brasil. Mas quer aumentar essa conta: além de já ter anunciado mais uma fábrica de R$ 1 bilhão na região metropolitana de Porto Alegre, o estado já está em conversas para realizar novas parcerias internacionais, como com o governo da Malásia.
Além disso, o estado vem se destacando no tema de transição energética. Atualmente, o Rio Grande do Sul é o líder em produção de biodiesel e está se posicionando para capturar as novas demandas geradas pela atualização da regulação do setor.
“A posição de liderança do estado em biodiesel nos coloca na vanguarda da transição energética,” disse Prikladnicki.
Por isso, Prikladnicki enxerga espaço para crescer em hidrogênio verde. Ele lembra que 82% da matriz energética do estado é limpa e que o estado realizou um edital de apoio à cadeia de hidrogênio no valor de R$ 102 milhões.
“Queremos dar apoio para o desenvolvimento dessa cadeia, que vai ser essencial para um mundo mais verde,” disse.
Para completar, no turismo, o estado está se posicionando como um dos grandes destinos do continente com atrações como enoturismo, turismo histórico e sustentável, além de ampliar conexões internacionais com foco na América do Norte e Europa.
O destaque fica para Gramado – que foi avaliado como o segundo melhor destino turístico da América do Sul.
Em busca de capital
Diante de todas essas oportunidades, o estado está atrás de investidores para consolidar o potencial. Não à toa, a empresa acaba de inaugurar o seu primeiro escritório fora do estado. O local: no coração da Av. Faria Lima, o centro financeiro do Brasil.
Segundo Prikladnicki, o escritório vai atuar como um hub de relacionamento com empresários, fundos, consultorias, advogados, câmaras de comércio, think tanks e agências públicas.
“O Rio Grande do Sul está pronto para entregar resultados concretos. E agora, com presença física em São Paulo, também está mais acessível para quem quer investir com segurança, escala e propósito,” disse o presidente da Invest RS.