O Inter disse hoje que espera atingir um ROE de cerca de 30% em 2027 – um patamar acima do retorno dos bancões e quase inimaginável quando se considera sua rentabilidade atual, bem próxima de zero.
O Inter disse que esse ROE será impulsionado pela melhora do ‘cost to income ratio’ – a razão entre despesas e receitas operacionais, um indicador da eficiência do negócio.
O CEO João Vitor Menin disse que esse indicador deve ser diluído para 30% em 2027 em comparação aos 70% de hoje, graças a ganhos de escala, novos produtos, reprecificação do portfólio de crédito e uma alavancagem maior.
O ROE de 30% considera a ‘re-alavacangem’ do banco. Ou seja, se o Inter apenas acumular lucros e pagar dividendos mínimos seu ROE de 2027 seria de 17%.
As declarações foram dadas durante o Investor Day da empresa, que acontece ao longo do dia de hoje. O Inter, que tem 24 milhões de clientes, disse que espera chegar a 60 milhões ao final do mesmo período.
“O timing para essa melhora na lucratividade não foi discutido, mas achamos esse guidance para 5 anos muito interessante e marginalmente positivo, mostrando que o management está comprometido com a lucratividade,” disse o JP Morgan.
O Inter também deu como soft guidance uma carteira de crédito de R$ 100 bilhões e um lucro líquido de R$ 5 bilhões em 2027.
Um analista que cobre a empresa disse que este guidance é acima da expectativa do mercado. “O ponto é se o mercado vai acreditar ou não, porque eles não deram o guidance para este ano, por exemplo,” disse ele.
Outro analista nota que para crescer a carteira de crédito dos R$ 25 bi atuais para os R$ 100 bi projetados em cinco anos, o Inter teria que crescer a carteira a uma taxa média de 35% ao ano.
“É algo possível, mas bem difícil de executar,” disse ele.
O Inter também disse que espera manter suas despesas operacionais estáveis este ano em comparação ao ano passado e que sua operação nos EUA está performando melhor que o esperado.
Depois de uma correção brutal no último ano, o Inter negocia hoje a 0,7x book, com um valor de mercado de US$ 1 bilhão.
Esse valuation “não reflete o potencial do ROE de longo prazo e o momentum de lucro, com o lucro por ação provavelmente melhorando em 2023,” na visão do JP.