No ano passado, os controladores da Shoulder, os irmãos Beny e Monique Majtlis, chegaram a negociar a venda da marca de roupas femininas para o Grupo Soma.
Mas as duas companhias não concordaram com o preço, e o negócio caiu por terra.
Agora, a rede de 70 lojas – que faturou R$ 450 milhões ano passado — resolveu partir para uma estratégia de M&As.
A Shoulder está investindo R$ 18 milhões na Oriba, numa transação que marca a entrada da empresa na moda masculina e a primeira aquisição da história da Shoulder desde que ela foi fundada no Bom Retiro pelo pai de Beny e Monique há 42 anos.
A transação tem várias etapas.
De imediato, a Shoulder está injetando R$ 9 milhões no caixa da Oriba em troca de uma participação minoritária. Dentro de um ano, vai investir os R$ 9 milhões restantes a um valuation que vai depender do desempenho da companhia.
Um ano depois, haverá uma troca de ações parcial entre as empresas e, só em 2028, a Oriba será incorporada na totalidade pela Shoulder.
“Fizemos o deal baseado nesses gatilhos de performance para darmos tempo para eles capturarem valor,” Beny, o CEO da Shoulder, disse ao Brazil Journal. “Com isso, eles conseguem desenvolver a tese deles com calma usando a nossa estrutura, e a gente captura esse crescimento no final. É uma geração de valor para as duas partes.”
Um dos aspectos que chamou a atenção da Shoulder, segundo Beny, foi a qualidade dos produtos da Oriba, que é “quase uma obsessão” dos fundadores.
“Eles querem fazer uma roupa que dure bastante tempo e que o cara use muito. Querem que a camiseta deles seja aquela que você sempre pega no armário,” disse o CEO.
Fundada há sete anos, a Oriba nasceu como uma marca digital nativa, vendendo apenas em seu próprio ecommerce.
Hoje, as vendas digitais ainda são mais da metade do faturamento, que deve atingir R$ 21 milhões este ano, mas a marca já abriu três lojas físicas em São Paulo.
A Oriba tem mais de 150 produtos, de camisetas a calças, de camisas a agasalhos.
“Como a gente não veio do mundo da moda e não sabíamos nada sobre como fazer roupa, tivemos que ir muito a fundo para entender o que fazia uma roupa ser boa,” disse Rodrigo Ootani, um dos três fundadores da Oriba. “Isso fez a gente ter uma visão diferente desses processos e conseguir criar algo realmente novo.”
Com os recursos do investimento, a Oriba pretende abrir mais 10 lojas em dois anos e dobrar o número de SKUs. A ideia é entrar mais forte em segmentos como camisaria, alfaiataria, homewear e underwear.
Apesar do M&A, Beny disse que a Shoulder não quer se posicionar como consolidador num mercado cada vez mais concentrado em dois grupos: o Soma e a Arezzo&Co.
“Não queremos nos colocar como um desafiante deles, nem ser absorvidos por eles. A Shoulder está num ponto em que o negócio é rentável e gera caixa, só que precisamos achar crescimento.”
O CEO disse que a palavra “consolidação” evoca “empilhamento de receita, numa visão mais de escala.”
“O que estamos buscando é coisas que tragam valor e deixem nossa empresa mais competitiva e pronta para o futuro,” disse ele. “Obviamente vamos capturar a escala, mas o ponto não é esse.”