Depois de cair quase 30% este ano, o futuro da Amazon “não poderia ser mais animador” — e a ação pode “dobrar ou triplicar nos próximos anos.”
É o que dizem analistas ouvidos pela revista americana Barron’s, cuja reportagem de capa desta semana discute as perspectivas da gigante de ecommerce.
A conclusão da revista é baseada num valor justo usando o método de ‘soma das partes’.
A Barron’s publicou quatro análises, com o valor justo variando de US$ 1,2 trilhão a US$ 2,8 trilhões, no cenário mais otimista. A empresa hoje vale cerca de US$ 1,1 tri.
Essa visão bullish vem num momento em que os investidores têm se preocupado com as perspectivas de lucratividade da Amazon no curto prazo — dado que a inflação tem aumentado os custos de delivery e corroído as margens do ecommerce.
Ainda que os outros negócios da Amazon venham crescendo, o ecommerce ainda responde por mais de 80% da receita — e deve fechar 2022 com prejuízo depois de dar lucro nos últimos dois anos.
Gene Munster, o gestor da Loup Ventures, disse à Barron’s que as preocupações são válidas, mas já estão no preço da ação. Além disso, no longo prazo, “ninguém vai conseguir competir com a Amazon no ecommerce,” disse Munster.
Nas contas do gestor, só o negócio de cloud (a AWS) e de publicidade da Amazon devem gerar US$ 45 bilhões em lucro operacional este ano. Avaliando esses negócios a 25 vezes lucro, o gestor chegou a um valuation de US$ 1,1 trilhão, equivalente ao valor que a Amazon inteira negocia hoje na Bolsa.
Em outras palavras: aos preços de hoje, todos os outros negócios da companhia estão saindo de graça: do ecommerce ao Prime, da logística ao Whole Foods.
“É difícil não gostar da Amazon nesse valuation,” disse o gestor.
Das projeções publicadas pela revista, a mais otimista (de longe) é a do analista Alex Haissl, da Redburn, uma casa de research independente. Alex acredita que apenas a AWS pode valer impressionantes US$ 3 trilhões, mais do que a Apple ou a Saudi Aramco, as duas empresas mais valiosas do mundo hoje.
Para ser “conservador”, ele usou o valor de US$ 2 tri em seu valuation, o que levou a um valor justo da Amazon de US$ 2,8 trilhões.
O ponto em comum entre todas as análises é que o maior valor da Amazon sempre está na AWS, o negócio de computação em nuvem da empresa que compete com a Microsoft, Oracle e Google.
Desde que a Amazon começou a reportar os resultados da AWS separadamente, em 2015, o negócio tem respondido todos os anos por mais da metade do lucro — e vem crescendo a taxas de mais de dois dígitos. Ano passado, a fatia foi de 75%; este ano deve ficar em 150%, dado que o ecommerce deve fechar no vermelho.
O sucesso da nuvem não muda o ambiente desafiador para o negócio de varejo da Amazon — mas os analistas acreditam que o cenário é passageiro.
“Vai levar um tempo antes das dinâmicas de custo e capital de giro normalizarem depois de um período extraordinário, mas na nossa perspectiva não existe nenhum problema estrutural no negócio,” disse Haissl.
Para ele, o segundo trimestre da Amazon — que será divulgado na quinta-feira — deve marcar o low dos resultados do negócio de varejo.