Uma crise de proporções inimagináveis ameaça o Reino Unido: no berço do futebol, na pátria dos pubs… pode faltar cerveja em plena Copa do Mundo.
O vilão é o dióxido de carbono – ou melhor, a falta dele. Com uma escassez abrupta na oferta do gás na Europa, tanto cervejarias quanto fabricantes de refrigerantes estão relatando problemas para produzir suas bebidas.
A Heineken já comunicou a alguns pubs que está com estoques baixos de duas de suas principais marcas: Amstel e John Smith. A rede de atacarejo Booker limitou a venda de cerveja a 10 garrafas por consumidor. A Wetherspoons, uma rede com cerca de mil pubs, já alertou que seu estoque pode acabar nos próximos dias.
“Um desastre de proporções bíblicas”, cravou o Metro, enquanto o barulhento The Sun estampou um sonoro ‘UN-BEER-LIEVABLE’, ao afirmar que alguns pubs se viram obrigados a vender cerveja alemã durante a partida contra o Panamá no último fim de semana.
A associação que reúne os donos de pubs estima que a cada jogo da Inglaterra são vendidos 14 milhões de ‘pints’ de cerveja.
A falta de gás está ligada à produção amônia, o insumo utilizado na indústria de fertilizantes e que tem o dióxido de carbono como subproduto. Normalmente, as fábricas de amônia fecham para paradas técnicas entre abril e junho, quando a demanda por fertilizantes é menor, mas logo retomam a produção.
Este ano, no entanto, os preços do gás natural – matéria prima para a amônia – dispararam, ao mesmo tempo que a cotação da amônia despencou, derrubando as margens dos produtores e deixando as fábricas paradas por mais tempo. A situação é crítica em toda a Europa, mas é mais séria no Reino Unido, que tem apenas uma fábrica de amônia.
Além do chope chocho, a Coca-Cola também pode ficar sem gás. A Coca reconheceu que teve que fazer paradas pontuais em suas linhas de produção no Reino Unido, mas afirmou em nota que “não houve ruptura na oferta e continua a atender os pedidos de seus clientes”. Na Tesco, algumas marcas de refrigerantes estão em falta.
Para além do desastre etílico, o problema começa a afetar a mesa dos britânicos. O CO2 é utilizado para anestesiar galinhas e porcos antes do abate, e para estender o prazo de validade da carne in natura. Segundo a associação de produtores locais, fábricas que respondem por até 60% da produção de frango do país estão quase sem estoques de gás. Um abatedouro de porcos já interrompeu as operações.
A Ocado, de supermercados online, interrompeu as entregas de alimentos congelados porque está sem gelo seco – o dióxido de carbono na forma sólida – para refrigerar os carros frigoríficos.