LONDRES — Azemiro de Souza, o Miro, é um dos maiores fotógrafos de moda e publicidade, do Brasil e do mundo.

Da mesma turma de Jacques-Henri Lartigue, Henri Cartier Bresson, Sebastião Salgado, Richard Avedon, Pierre Verger, Robert Capa, Walter Firmo, Helmut Newton, W. Eugene Smith, Otto Stupakoff, Patrick Demarchelier, Alberto Korda, Evandro Teixeira, Elliott Erwitt, Brassaï, Bob Gruen e Annie Leibovitz.

Nomes da fotografia mundial que, apesar de viverem vidas aparentemente coloridíssimas, sempre amaram o preto e branco.

A melhor explicação para essa paixão ensina que, quando alguém vê uma foto colorida, o cérebro automaticamente lança uma série de comandos para que os olhos possam entender todas as cores que existem na imagem. Azul, amarelo, vermelho, diferentes tons e texturas. Isso faz com que, inconscientemente, o observador perca a concentração. 

 
Ele pode até achar que está vendo a imagem como um todo, porque está enxergando tudo que existe nela, mas por conta da variedade das cores, o foco não está naquilo que está sendo retratado de fato.

Já no preto e branco é diferente. A ausência das cores significa ausência de informação: com a ausência de informação o foco se amplia e o observador consegue, dessa forma, enxergar tudo, de fato.

Miro sempre soube dessa superioridade do preto e branco, na teoria e na prática, no racional e no intuitivo.

Absurdamente culto e informado, mesmo convivendo durante anos com uma surdez precoce, Miro sempre ouviu absolutamente tudo. E sempre falou pouco e baixo. Apenas o necessário.  

Suas fotos não valem por mil palavras porque são feitas para dizer única e exclusivamente o que deve ser dito. Sem verborragias visuais.

A partir desta semana, Miro começaria a expor em São Paulo 12 dos seus mais famosos retratos em preto e branco — como diriam os grandes fotógrafos — ou ‘em branco e preto,’ como diriam Tom Jobim e Chico Buarque. 

 
Começaria, porque as medidas de proteção contra o coronavírus fizeram mais uma vítima:  a exposição foi adiada.

De qualquer forma, quando a vida voltar ao normal (porque ela sempre volta), o público poderá ver as fotos dos anos 70 e 80, quando Miro era tido como moderno, quando na verdade já era eterno.

Cada uma dessas fotos foi tratada por Miro, num trabalho exaustivo de laboratório, para que crescessem de tamanho (a maioria tem um metro e noventa de altura) sem perder nada da sua qualidade original. 

Mantiveram-se intactas, mas ganharam a dimensão museológica que já mereciam faz tempo.

 
Na imagem acima, “Voyeur” (à esquerda) e “Sol” (à direita).

Galeria Houssein Jarouche

Rua Estados Unidos, 2109

 
Jardim América, São Paulo 

Data ainda a ser definida