O investidor Nelson Tanure, conhecido por brigas homéricas em disputas societárias, acumulou uma participação de 6,6% na Oi e quer ser ouvido quanto ao destino da empresa, que pediu recuperação judicial no mês passado sob o peso de uma dívida de 65 bilhões de reais.
Num documento enviado à empresa, Tanure pede a convocação imediata de uma assembleia de acionistas e indica sete nomes para o conselho de administração. De acordo com o documento, um fundo controlado por Tanure, o Société Mondiale FIA, tem 7% das ações ON e 5% das PN da Oi.
Tanure propôs os seguintes nomes para o conselho da Oi: Helio Costa (ex-Ministro das Comunicações e chairman da PetroRio, empresa controlada por Tanure), Pedro Grossi Júnior (braço direito de Tanure), Marcelo Itagiba (ex-Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro), Leo Julian Simpson (ex-CEO da Intelig), João Manuel Pinho de Mello (professor do Insper com experiência em regulamentação de telecomunicações), Demian Fiocca (ex-presidente do BNDES), Jonathan Dann (ex-executivo do Royal Bank of Canada) e José Vicente dos Santos (ex-assessor do Ministério das Comunicações que participou do desenvolvimento e implantação da TV Digital e do Plano Nacional de Banda Larga). O empresário também pede a manutenção de quatro dos atuais membros do conselho da empresa.
De acordo com meu colega Lauro Jardim, Tanure tem mantido conversas com a Bell Canada. Pessoas próximas ao empresário dizem que ele tem conversado também com fundos de pensão canadenses e americanos.
Pela lei, a Oi tem oito dias para convocar uma assembleia, que deve acontecer em outros 30 dias; Tanure pode obrigar a convocação porque é detentor de mais de 5% das ações ordinárias.
A Oi já convocou uma AGE para o dia 22 de julho, mas as demandas de Tanure não estão incluídas na pauta, o que forçará a Oi a convocar uma segunda AGE.
O maior acionista da Oi — a Pharol, nova designação da antiga Portugal Telecom — deverá votar na assembleia, o que em tese reduz as chances de vitória de Tanure. No entanto, há vários investidores relevantes descontentes com a administração dos portugueses e igualmente dispostos a eleger um novo conselho.
Um investidor oportunista que compra ativos descontados e frequentemente litiga para conseguir o que quer, Tanure já teve um caso de sucesso no setor de telecom. Em abril de 2008, o empresário comprou a Intelig; no ano seguinte, vendeu a empresa à TIM Brasil em troca de ações da operadora.
No final de 2013, Tanure tornou-se o principal acionista da PetroRio — a antiga HRT, que havia implodido na Bolsa — e iniciou um profundo processo de restruturação.
Na mídia, Tanure teve que lidar com o fracasso. Sua Companhia Brasileira de Multimídia arrendou o Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil na bacia das almas, mas não conseguiu salvar os diários.
Talvez a aquisição menos controversa de Tanure tenha sido a de 1998, quando ele arrematou a coleção de musica clássica e ópera do economista Mario Henrique Simonsen.
Na ópera, ‘it’s not over until the fat lady sings’. Já as brigas de Tanure só terminam quando ele cansa o adversário.