Em 2007, temendo perder a Cosan numa oferta hostil, o empresário Rubens Ometto Silveira Mello criou uma holding de controle que lhe dava poderes de voto extraordinários, a Cosan Limited.
Na época, a manobra irritou minoritários e Rubens foi criticado por estar enfraquecendo o Novo Mercado, o segmento de alta governança da B3 no qual a Cosan é listada.
Treze anos depois — período no qual a Cosan fez uma joint venture com a Shell, comprou a Comgás e entrou em ferrovias — Rubens está desmontando a estrutura de controle alavancado, fundindo a Cosan Limited e a Cosan Logística com a Cosan, e simplificando sua estrutura societária.
Mas o ‘colapso’, como a simplificação é chamada, está longe de significar que Rubens tenha concordado em abrir mão do controle da Cosan.
Por meio de acordos de acionistas e acordos verbais com sócios históricos, o bloco liderado por Rubens ainda deterá 49,4% da companhia, o que já seria suficiente para desencorajar uma oferta hostil.
Como seguro morreu de velho, Rubens ainda criou um ‘poison pill’: quem comprar 15% da Cosan (10% nos primeiros 7 anos), será obrigado a fazer uma oferta por 100% da companhia pagando o maior de dois critérios: o preço mais alto em que a ação tiver negociado nos últimos 24 meses ou o valor econômico com prêmio de 50%.
“O grande risco que o Rubens tomou em relação à Cosan foi o acordo com a Shell, porque ali ele vendeu metade da empresa, e a empresa não era muita coisa,” diz um investidor que acompanha a Cosan desde o IPO. “Isso que ele está fazendo agora é fichinha em termos de risco.”
A nova Cosan nasce valendo R$ 40 bilhões na Bolsa, gera R$ 10 bilhões em EBITDA por ano, e tem pelo menos R$ 30 bilhões em projetos para ser executados nos próximos três anos — R$ 10 bilhões em cada um de seus principais negócios: a Rumo, a Raízen e a Compass.
“Essa empresa vai passar os próximos três anos alocando capital, coisa que eles sempre fizeram melhor que muita gente,” diz um acionista do float da companhia.
A simplificação societária também deve dobrar o volume de negócios da Cosan na B3, hoje em cerca de R$ 200 milhões/dia. Ao longo de 2021, a companhia pretende fazer o IPO da Compass — sua holding de investimentos no setor de gás — e da Raízen, a JV com a Shell que tem 7.300 postos de combustível e é a maior fabricante de etanol do País. Um IPO da Moove, a companhia de lubrificantes na qual a CVC Capital Partners tem 30%, também está no horizonte.
Na época, a manobra irritou minoritários e Rubens foi criticado por estar enfraquecendo o Novo Mercado, o segmento de alta governança da B3 no qual a Cosan é listada.
Treze anos depois — período no qual a Cosan fez uma joint venture com a Shell, comprou a Comgás e entrou em ferrovias — Rubens está desmontando a estrutura de controle alavancado, fundindo a Cosan Limited e a Cosan Logística com a Cosan, e simplificando sua estrutura societária.
Mas o ‘colapso’, como a simplificação é chamada, está longe de significar que Rubens tenha concordado em abrir mão do controle da Cosan.
Por meio de acordos de acionistas e acordos verbais com sócios históricos, o bloco liderado por Rubens ainda deterá 49,4% da companhia, o que já seria suficiente para desencorajar uma oferta hostil.
Como seguro morreu de velho, Rubens ainda criou um ‘poison pill’: quem comprar 15% da Cosan (10% nos primeiros 7 anos), será obrigado a fazer uma oferta por 100% da companhia pagando o maior de dois critérios: o preço mais alto em que a ação tiver negociado nos últimos 24 meses ou o valor econômico com prêmio de 50%.
“O grande risco que o Rubens tomou em relação à Cosan foi o acordo com a Shell, porque ali ele vendeu metade da empresa, e a empresa não era muita coisa,” diz um investidor que acompanha a Cosan desde o IPO. “Isso que ele está fazendo agora é fichinha em termos de risco.”
A nova Cosan nasce valendo R$ 40 bilhões na Bolsa, gera R$ 10 bilhões em EBITDA por ano, e tem pelo menos R$ 30 bilhões em projetos para ser executados nos próximos três anos — R$ 10 bilhões em cada um de seus principais negócios: a Rumo, a Raízen e a Compass.
“Essa empresa vai passar os próximos três anos alocando capital, coisa que eles sempre fizeram melhor que muita gente,” diz um acionista do float da companhia.
A simplificação societária também deve dobrar o volume de negócios da Cosan na B3, hoje em cerca de R$ 200 milhões/dia. Ao longo de 2021, a companhia pretende fazer o IPO da Compass — sua holding de investimentos no setor de gás — e da Raízen, a JV com a Shell que tem 7.300 postos de combustível e é a maior fabricante de etanol do País. Um IPO da Moove, a companhia de lubrificantes na qual a CVC Capital Partners tem 30%, também está no horizonte.
Com a estrutura simplificada e todos os seus negócios listados separadamente, a Cosan deve começar a olhar ativos em segmentos da economia que hoje estão fora de seu portfólio, Rubens disse ao Brazil Journal.
Abaixo, os melhores trechos da conversa.
Por que você criou a Cosan Limited (CZZ) lá atrás? Aquilo foi visto como uma ofensa ao Novo Mercado e irritou muita gente.
Eu via uma oportunidade de crescimento enorme e não tinha capital suficiente para fazer tudo sem perder o controle — e empresa tem que ter comandante. No Google e no Facebook, [os fundadores] também não têm o controle econômico, mas têm o controle político. Tive que criar aquela estrutura complexa, uma holding que controlava uma holding. Agora as coisas vão ficar mais simples. Vai aumentar a liquidez do papel e os investidores vão ficar mais perto dos ativos.
Mas o mercado não gostou, a CZZ começou a negociar com um desconto enorme, e eu me comprometi a fazer essa simplificação num Cosan Day anos atrás.
Eu acredito em empresa de dono. Eu acho que empresa de dono de tem muito mais eficiência do que corporations. Foi por isso que esse processo demorou tanto. Eu fui comprando ações com dividendos e com recursos que eu fui ganhando no meu family office, às vezes alavancando. Eu acho que eu tinha 25% da CZZ e fui para 56%-57%. A própria companhia foi comprando ações. Eu também criei um sistema de governança envolvendo meus executivos e transformando eles em sócios. Como diria o Dr. Roberto Marinho, ‘se eu um dia eu faltar’ [risos], eu quero que a companhia continue com os mesmos princípios.
Mas por que você fez a simplificação agora?
Tudo que a gente promete a gente entrega. Estou fazendo agora porque chegamos num número que me deu conforto. Tenho um acordo de acionistas com meus partners [executivos da Cosan] e, para ficar mais seguro, fiz este acordo com a Dynamo e um acordo verbal com a Rezende Barbosa, que são meus companheiros desde a época do meu pai e com quem existe uma relação de confiança mútua.
Você agora tem 49,4%. Não achou importante ter os 50% mais uma ação?
A companhia é muito boa e eu vou continuar comprando ações porque acho um ótimo investimento, então com certeza esse número vai ultrapassar 50%.
Essa simplificação libera vocês para pensar em aquisições?
Já estamos de olho numa série de ativos, inclusive em segmentos em que ainda não operamos. Mas a tendência é primeiro consolidar os setores onde a gente já está. Sempre gostamos de indústria básica, infraestrutura, energia — e negócios grandes.
A Cosan tem uma excelente reputação como alocadora de capital. Como vocês decidem essa alocação?
O que me move na minha vida é a construção desse portfólio, e eu acho que estamos longe do fim. Como alocar capital? A gente pensa muito no risco, para falar a verdade. Buscamos um bom equilíbrio entre negócios regulados e negócios que participam do mercado livre. Não acho que temos este equilíbrio ainda — talvez estejamos mais nos regulados hoje — mas vamos chegar lá.
Você vai lançar seu livro de memórias em fevereiro: “O Inconformista — a história de Rubens Ometto Silveira Mello contada por ele mesmo” (Penguin Portfolio, 186 páginas). Por que agora?
Uns 15 anos atrás, eu comprei uma fazenda de 1839 na região de Araras. Essa fazenda tinha muita história e todo mundo me perguntava, queriam saber detalhes da história mas muita gente já tinha morrido e eu mesmo não sabia. Contratei gente para pesquisar, e aí contaram a história desde o início. Daí nasceu a ideia de fazer esse livro. O tempo vai passando, a gente vai ficando mais velho, as pessoas vão morrendo… se você não escrever, as coisas somem.
O que me move na minha vida é a construção desse portfólio, e eu acho que estamos longe do fim. Como alocar capital? A gente pensa muito no risco, para falar a verdade. Buscamos um bom equilíbrio entre negócios regulados e negócios que participam do mercado livre. Não acho que temos este equilíbrio ainda — talvez estejamos mais nos regulados hoje — mas vamos chegar lá.
Você vai lançar seu livro de memórias em fevereiro: “O Inconformista — a história de Rubens Ometto Silveira Mello contada por ele mesmo” (Penguin Portfolio, 186 páginas). Por que agora?
Uns 15 anos atrás, eu comprei uma fazenda de 1839 na região de Araras. Essa fazenda tinha muita história e todo mundo me perguntava, queriam saber detalhes da história mas muita gente já tinha morrido e eu mesmo não sabia. Contratei gente para pesquisar, e aí contaram a história desde o início. Daí nasceu a ideia de fazer esse livro. O tempo vai passando, a gente vai ficando mais velho, as pessoas vão morrendo… se você não escrever, as coisas somem.
Eu queria deixar registrado, com detalhes, tudo o que foi feito e como feito. Contar toda a história de como a gente chegou até aqui, senão as pessoas vão esquecer como nasceu a Cosan, como fizemos a Rumo e como compramos a Comgás, as pessoas que foram importantes na minha vida e que me ajudaram. Eu quero, sem nenhuma pretensão, deixar registrado.