A Reserva está lançando uma linha de roupas para pessoas com deficiência (PCD) — a primeira do tipo feita por uma grande marca brasileira de vestuário e uma estratégia para tentar capturar um mercado que representa quase 25% da população brasileira.
A linha Adapt começará com 14 peças que vão de camisetas e camisas polos até calças e bermudas. Todas vêm nas mesmas variações de tamanho e cor da linha tradicional da Reserva. As adaptações variam para cada tipo de deficiência, mas incluem, por exemplo, trocar o botão da camisa por um imã ou colocar um zíper em toda a lateral da calça.
O CEO da AR&Co, Rony Meisler, disse ao Brazil Journal que um dos benchmarks da Reserva foi a Tommy Hilfiger, que lançou sua primeira linha PCD nos EUA em 2018 e já levou os produtos para a Ásia e Europa.
Segundo Rony, a Reserva já havia tentado (sem sucesso) desenvolver uma linha PCD no passado, mas teve dificuldade para chegar num produto que agradasse a esse público e acabou nunca lançando uma coleção.
Dessa vez o projeto foi para frente em grande parte pela parceria com a Equal, uma empresa especializada em roupas com adaptações para PCD que ficou responsável por todo o desenvolvimento da linha.
A parceria começou quando a CEO da Equal, Silvana Louro, mandou um direct no Instagram de Rony há três anos perguntando se a Reserva não queria revender seus produtos.
Rony disse que não, mas que queria ir além.
“Não é algo trivial de se fazer, porque são produtos muito técnicos em termos ergonômicos, funcionais e anatômicos, e que além da moda precisam gerar uma autonomia grande para essas pessoas”, disse ele. “Isso demanda uma série de adaptações, até em termos industriais.”
Os produtos começaram a ser vendidos esta semana em três lojas da rede — Shopping Higienópolis (SP), Shopping RioSul (RJ) e Shopping Boulevard (BH) — e no ecommerce. A ideia é testar as vendas nessas unidades e depois fazer o rollout para todas as 97 lojas da Reserva.
“Obviamente nossa inclinação inicial para fazer isso foi estimular a inclusão, mas dado o tamanho do mercado endereçável, isso certamente pode se tornar um negócio relevante pra gente,” disse Rony.
No Brasil, mais de 45 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência.
No mundo, a expectativa é que o mercado de roupas para PCD atinja US$ 400 bilhões em 2026, segundo um estudo da Coherent Market Insights.