A Stripe, uma startup de pagamentos do Vale do Silício que processa as transações de gigantes como Google, Amazon e Uber, acaba de levantar US$ 245 milhões numa rodada de capital que avalia a empresa em mais de US$ 20 bilhões.
O software da Stripe permite que companhias aceitem pagamentos com cartões de crédito ou meios digitais em seus sites ou aplicativos, e compete diretamente com players relevantes e já consolidados, como a europeia Adyen – que fez recentemente um IPO concorrido na Bolsa de Amsterdã – e a Braintree, do gigante PayPal.
Um de seus diferenciais, destacado com frequência pelos fundadores, é que ela oferece uma infraestrutura de pagamentos extremamente fácil de ser integrada ao site do cliente, além de processar as transações de maneira mais rápida. Na prática, basta colar algumas linhas de código no site para o sistema começar a funcionar.
Liderada pela Tiger, a rodada (Series E) contou também com o DST Global – do empresário russo Yuri Milner – e o Sequoia. Todos os investidores existentes acompanharam o aporte.
Os recursos serão usados para a expansão internacional da companhia e o lançamento de novos produtos e soluções.
Fundada pelos irmãos Patrick (30 anos) e John Collison (28), dois imigrantes irlandeses que aprenderam a programar ainda crianças, a Stripe já levantou um total de US$ 685 milhões desde 2010. Desde sua última captação, há pouco mais de dois anos, a startup mais do que dobrou seu valuation: na época havia sido avaliada em pouco mais de US$ 9 bilhões.
A Stripe não abre o volume movimentado por meio de sua plataforma, nem sua receita – que vem de uma taxa de 3% em cima do montante transacionado. Ainda assim, sua base de clientes pode dar uma boa ideia do crescimento acelerado da startup. A empresa afirma que já possui milhões de usuários e que processa transações em 130 mercados.
Mais importante do que a quantidade, no entanto, é a qualidade de sua base: a Stripe adicionou recentemente o Google e o Uber a sua lista de usuários. E, há alguns anos, já havia conquistado contas como o Twitter – que contratou a Stripe para criar uma solução para a realização de vendas dentro da rede social –, a Slack e a Amazon.
A Slack, inclusive, abandonou a Braintree, em 2016, e migrou para a solução da Stripe. Segundo o CEO da empresa, pela habilidade da Stripe de lidar com diferentes moedas e formas de pagamentos e pela facilidade de integração com seu software. “Existem tantas coisas malucas sobre a dificuldade de movimentar dinheiro”, Stewart Butterfield, o CEO da Slack, disse à Forbes na época. “A Stripe torna isso simples.”
Segundo a startup da Califórnia, cerca de 84% dos americanos adultos que fazem compras online realizaram alguma transação por meio de seu sistema no ano passado.
O negócio da Stripe tem relação direta com o crescimento das vendas online. Hoje, o e-commerce representa apenas 3% de todo o varejo global, mas a tendência é de um crescimento exponencial. A Stripe estima que em 2020 as compras digitais movimentem cerca de US$ 4 trilhões no mundo.
Mas a estratégia não se restringe ao ambiente virtual: há alguns meses, a Stripe lançou uma maquininha para processar pagamentos no mundo físico, integrada a seu sistema; e uma solução que permite que os clientes emitam seus próprios cartões de débito. Uma parte importante do crescimento da empresa já vem do mundo físico, segundo Patrick Collison. “Várias grandes empresas de tecnologia estão expandindo para o mundo real”, ele disse ao Business Insider. “E elas querem fazer isso com a Stripe.”
A startup de pagamentos não é a primeira empresa dos irmãos Collison. Quando ainda eram adolescentes, eles fundaram a Auctomatic, uma startup que criava ferramentas para vendedores online e foi vendida por US$ 5 milhões para uma empresa de mídia canadense.